O presidente da Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva covid-19 disse, em entrevista à SIC Notícias, que as previsões dos próximos tempos apontam para um número de casos muito elevado e que os internamentos em medicina intensiva podem chegar a mais de 1.100 na segunda semana de fevereiro.
"Neste momento o nosso foco é aumentar a capacidade de medicina intensiva", diz João Gouveia.
O médico reconhece que se aproximam dias muito duros "fruto dos números muito altos das semanas anteriores".
A Alemanha vai enviar para Portugal 26 profissionais de saúde - entre eles oito médicos, enfermeiros e uma equipa de higiene - já na quarta-feira, como parte de uma missão de ajuda de combate à pandemia de covid-19.
Em comunicado, o Ministério da Defesa alemão refere ainda o envio de material médico, entre eles 40 ventiladores móveis e dez estacionários, 150 bombas de infusão e 150 camas hospitalares.
Estão a decorrer negociações e só depois se irá decidir como serão feitas as integrações nos hospitais, explica João Gouveira, no entanto diz que "tudo isso tem por base a importância de aumentar a capacidade de medicina intensiva em Portugal".
"Todos os hospitais têm de passar para o nível máximo do seu plano de contingência, tem que ter noção que têm de suspender toda a atividade não urgente e que todos esses recursos, espaços, recursos físicos, equipamento e principalmente recursos humanos têm de ser afetos à medicina intensiva para nós conseguirmos ultrapassar as semanas que aí vêm."
Quanto às novas restrições, João Gouveia diz ainda não haver um efeito visível, "mas se com as regras mais restritivas" for possível diminuir a transmissão, "vai demorar duas semanas" para se conseguir ver resultados e em termos de internamentos "só uma semana depois".
"Temos de reforçar as medidas restritivas e temos de nos preparar que temos um período muito duro pela frente até essas medidas fazerem efeito."