Saúde Mental

Sabe o que é um "jamais vu"? O que diz a ciência sobre o oposto do "déjà vu"

Já ficou perdido num local que conhece bem? Ou deixou de "reconhecer" os travões do carro enquanto conduzia? O "jamais vu" é mais raro e mais estranho que um "déjà-vu". Ainda se sabe pouco, mas os investigadores descrevem-no como uma sensação de que algo que nos é familiar passa a irreal ou desconhecido.

Sabe o que é um "jamais vu"? O que diz a ciência sobre o oposto do "déjà vu"
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Quantas não são as vezes em que, no presente, temos a sensação de que a situação já aconteceu no passado? Estamos a ter um “déjà-vu”. Mas já ouviu falar do "jamais vu", o oposto? Uma investigação sobre o fenómeno explica o que é e porque o temos.

É mais raro e talvez mais estranho que um "déjà-vu". Os investigadores reconhecem que ainda se sabe pouco sobre o processo. Mas adiantam que um "jamais vu" é um sinal de que alguma coisa se tornou "automática, fácil e fluente".

Enquanto num "déjà-vu" temos a sensação de que a situação que estamos a viver já aconteceu no passado, durante um "jamais vu" algo que nos é familiar parece-nos desconhecido ou irreal.

Por exemplo, acontece quando os músicos perdem "o rumo" numa música que conhecem bem ou quando estamos num lugar conhecido e ficamos desorientados.

De acordo com o jornal "The Conversation", uma investigação, que ganhou o Ig Nobel, estudou o processo.

Em primeiro lugar, os investigadores pediram, diz o jornal, a 94 pessoas para escreverem repetidamente palavras. Eram 12, desde as mais comuns às menos comuns. Pediram que o fizessem o mais rápido possível e, após pedirem para parar, questionaram os participantes como se sentiam. Entediados? Com dor na mão? Estranhos? A opção mais escolhida foi a última, "estranhos".

Cerca de 70% pararam de escrever, pelo menos, uma vez. Por norma, acontecia ao fim de 33 repetições e com palavras familiares. As pessoas relataram que, quanto mais olhavam para as palavras, mais elas perdiam o significado.

A investigação, que durou cerca de 15 anos, começou depois de um palpite de que as pessoas se sentiam estranhas ao escrever repetidamente a mesma palavra, descreve o "The Conversation".

Um dos especialistas, Chris, tinha notado que as palavras que escreveu de forma repetida na escola, como castigo, o faziam sentir estranho, como se não fossem reais.

Já em 1907, Margaret Floy Washburn, uma das fundadoras da psicologia, tinha dito que um dos seus alunos perdia "o poder associativo" em palavras que observava fixamente durante três minutos. Segundo o aluno, as palavras tornavam-se estranhas, perdiam o significado e fragmentavam-se no tempo.