Um estudo internacional, realizado em mais de 160 países, mostra que o uso de smartphones pode ser altamente prejudicial na saúde mental de crianças e jovens, sobretudo quando acontece demasiado cedo. Crianças que recebem telemóvel antes dos 13 anos apresentam maior risco de pensamentos suicidas, depressão ou agressividade.
Quanto mais cedo uma criança tiver um telemóvel piores vão ser os indicadores de bem-estar e de saúde mental no início da idade adulta. É a principal conclusão do maior estudo internacional sobre o tema publicado esta semana numa reconhecida revista científica.
Crianças que usam smartphone antes dos 13 anos são mais vulneráveis a sintomas de depressão, ansiedade, baixa autoestima e até pensamentos suicidas.
O estudo é da Sapien Labs, uma organização norte-americana sem fins lucrativos. Baseia-se em dados de mais de 100 mil jovens, dos 18 aos 24 anos, provenientes de 168 países, entre janeiro e abril de 2023, um período pós-covid.
Os investigadores admitem que o isolamento social e o tempo excessivo de ecrã durante a pandemia podem ter agravado os resultados.
As raparigas são mais afetadas por sintomas depressivos e ansiedade. Os rapazes tendem a apresentar maior distanciamento emocional e comportamentos agressivos.
O estudo mostra ainda que 40% do impacto negativo está ligado ao uso precoce das redes sociais.
Perante estes dados, os autores defendem medidas semelhantes às que já existem para o álcool e tabaco: limites de idade, regras claras e mais literacia digital. Mas deixam o aviso: esta tarefa não pode ficar apenas nas mãos dos pais.
Vários países europeus já deram alguns passos. França, Itália e Países Baixos baniram os telemóveis nas escolas. Portugal quer fazer o mesmo no primeiro e segundo ciclos.