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A primeira foto do lado oculto da Lua

É um feito inédito na exploração espacial. A sonda chinesa Chang'e-4 pousou no "lado escuro" da Lua e enviou a primeira foto de uma "faceta" do satélite natural que aqui da Terra nunca conseguiremos ver.
A primeira foto do lado oculto da Lua captada pela sonda chinesa Chang'e-4 em janeiro de 2019.
A primeira foto do lado oculto da Lua captada pela sonda chinesa Chang'e-4 em janeiro de 2019.
China Stringer Network

A sonda Chang'e-4 tinha partido da Terra a 8 de dezembro e aterrou hoje eram 3h26 em Lisboa num local nunca antes explorado pelo ser humano.

"Alcançámos um resultado extremamente preciso. A alunagem desenrolou-se cuidadosamente e num local ideal", declarou Sun Zezho, engenheiro-chefe da missão Chang'e-4 - nome da deusa chinesa da Lua - à televisão estatal CCTV.

A sonda chinesa em exposição antes de ser lançada
China Stringer Network

A China vai agora colocar um veículo robotizado para estudar a zona da superfície lunar que não pode ser vista da Terra.

Trata-se da segunda missão espacial chinesa a colocar uma sonda na superfície da Lua, depois de uma outra, em 2013.

A nova missão da agência espacial chinesa é, no entanto, a primeira do mundo a enviar uma sonda e um veículo robotizado para o "lado escuro da Lua", onde pretende testar o crescimento de plantas e captar sinais de radiofrequência normalmente bloqueados pela atmosfera terrestre, de acordo com um artigo da revista científica Nature.

O local de alunagem da sonda e do veículo robotizado é a cratera Von Kármán, situada na bacia do Polo Sul-Aitken, a maior e mais antiga depressão na Lua e uma das maiores zonas de impacto do Sistema Solar.

"É uma área-chave para dar resposta a várias questões sobre a história da formação da Lua, incluindo a sua estrutura interna e a evolução da sua temperatura", afirmou, citado pela Nature, o investigador Bo Wu, da Universidade Politécnica de Hong Kong, que descreveu a topografia e a geomorfologia da cratera.

O veículo robótico da Chang'e-4 está preparado para realizar diversas experiências no solo lunar, como avaliar com um radar a espessura das camadas subterrâneas e estudar com um espetrómetro a composição mineral à superfície.

A sonda, equipada também com vários instrumentos, irá estudar o gás interestelar e os campos magnéticos que se disseminam após a morte de uma estrela e testar se a batata e a planta herbácea "Arabidopsis thaliana" (da família da mostarda) crescem e fazem a fotossíntese num ambiente controlado, mas condicionado à microgravidade da superfície lunar.

Experiências anteriores realizadas na Estação Espacial Internacional revelaram que a batata e a "Arabidopsis thaliana" podem crescer normalmente em ambientes controlados que são sujeitos a uma gravidade inferior à da Terra, mas não a uma gravidade tão baixa como a da Lua.

Para comunicar com a sonda, o centro de controlo da missão Chang'e-4 irá usar o satélite Queqiao, lançado em maio, para intermediar as comunicações com o aparelho (a comunicação direta com a sonda não é possível no lado oculto da Lua).

Depois da Chang'e-4, seguir-se-á a missão Chang'e-5, com lançamento previsto para 2019, e com a qual a China pretende recolher amostras do solo lunar.

A meta final da agência espacial chinesa, ainda sem data marcada, é criar uma base na Lua para exploração humana.

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