O Prémio Sakharov de direitos humanos e liberdade de expressão atribuído pelo Parlamento Europeu foi hoje entregue a Ilham Tohti, ativista dos direitos da minoria uigur na China, professor universitário de economia e preso na China a cumprir uma pena perpétua sob a acusação de "separatismo".
Ilham Tohti pertence à etnia uigur, maioritariamente muçulmana e que constitui a maioria da população de Xinjiang, uma vasta região no noroeste da China sob controlo policial, por vezes violento.
Em 2014 foi condenado a prisão perpétua por "alimentar o ódio étnico, incitar à violência e instigar o terror" na sua sala de aula e num site sobre questões relacionados com os uigur. O processo levantou uma onda de protestos por parte de vários governos e organizações de defesa dos direitos humanos.
Quando foi anunciada a sua cadidatura ao prémio europeu, proposta pelo grupo Renew Europe (Liberal), a China acusou o Parlamento Europeu de "apoiar o terrorismo".
Europa exige à China libertação do ativista
Ao anunciar o vencedor deste ano, o o presidente da assembleia europeia, David Sassoli, apelou à China a libertação de Ilham Tohti.
"[Tohti] empenhou-se muito para melhorar a compressão dos uigures na China. O Parlamento Europeu expressa todo seu apoio ao seu trabalho e quer que seja imediatamente libertado pelas autoridades chinesas".
Durante mais de duas décadas, o intelectual trabalhou para promover o diálogo e a compreensão entre uigures e chineses, tendo criado o Uyghur Online, um sítio na internet que discute questões uigures.
Nesta plataforma, criticou regularmente a exclusão da população uigur chinesa do desenvolvimento do país e incentivou uma maior sensibilização para o estatuto e o tratamento da comunidade uigur na sociedade chinesa.
Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento
O prémio Sakharov do Parlamento Europeu premeia todos os anos indivíduos e organizações que se destacam na defesa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, tendo sido atribuído em 1999 a Xanana Gusmão (Timor-Leste) e em 2001 ao bispo Zacarias Kamwenho (Angola).
Entre os finalistas deste ano estavam três ativistas brasileiras: Marielle Franco, defensora brasileira dos direitos humanos, nomeadamente da comunidade negra, das mulheres e das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersexuais (LGBTI), que foi brutalmente assassinada em março do ano passado, a ambientalista Claudelice Santos e a líder indígena Raoni Metuktire.
A cerimónia de entrega do prémio, que consiste num diploma e 50 mil euros, realiza-se a 18 de dezembro no Parlamento Europeu em Estrasburgo para a a qual todos os finalistas estão convidados.