E se, para ter a sua casa de sonho, bastasse imprimi-la? Essa solução é cada vez mais uma possibilidade. Em Eindhoven, na Holanda, um casal vai viver na primeira propriedade legalmente habitável que foi totalmente construída com recurso à tecnologia de impressão 3D.
O design da casa foi inspirado no formato de um rochedo e pretende mostrar que esta tecnologia tem a capacidade de construir qualquer tipo projeto arquitetónico. Utilizando métodos tradicionais de construção, o edifício teria sido muito mais difícil de realizar e implicaria um investimento financeiro consideravelmente maior.
Esta é a primeira de cinco casas que vão ser construídas na região do canal Beatrix, nos subúrbios de Eindhoven. Inicialmente, o primeiro edifício estava previsto ficar pronto a habitar em 2019, mas o design arquitetónico acabou por causar atrasos na construção, nomeadamente devido à existência de paredes externas pendentes. O Projeto Milestone resulta de uma parceria da Universidade de Tecnologia de Eindhover e da corporação de habitação de Vesteda.
O bungalow de dois quartos já tem inquilinos: Elize Lutz, de 70 anos, e Harrie Dekkers, de 67, ambos reformados, receberam a chave digital para a nova casa - sob a forma de uma app - na passada quinta-feira. Pagam 800 euros de renda mensal, um valor que representa cerca de metade do valor médio de arrendamento praticado na Holanda.
O edifício desenvolvido pela empresa Saint-Gobain Weber Beamix tornou-se, assim, na primeira casa legalmente habitável e comercialmente arrendável em que a totalidade das paredes foram construídas através de uma impressora 3D.
Como se imprime uma casa?
Em vez dos construtores e das gruas, este projeto precisa de um braço robótico gigante que tem em si uma agulheta, de onde sai o cimento especial – com uma textura cremosa – usado para imprimir a casa. Camada a camada, o braço robótico vai desenhando a habitação, seguindo o projeto criado pelo arquiteto.
Para a construção desta casa, foram utilizados 24 elementos de cimento e possível ver alguns erros de impressão, causados pela troca das agulhetas. A casa começou a ser construída numa fábrica e foi depois transportada num camião até ao local onde haveria de ficar instalada e colocada sobre as fundações. Ao final dos cinco projetos previstos, a empresa espera conseguir construir os edifícios diretamente no local, reduzindo assim os custos.
Nos últimos anos, a impressão 3D tem sido uma aposta no setor da construção. Várias casas foram parcialmente construídas com esta tecnologia em França e nos Estados Unidos. Usando impressoras 3D, é possível aumentar a velocidade de construção e diminuir os custos. No caso da Holanda, há ainda uma outra vantagem: esta técnica vem responder à falta de pedreiros qualificados no país.
“Se olharmos para o tempo, nós precisámos de apenas 120 horas para imprimir esta casa”, afirma Bas Huysmans, chefe executivo da Weber Benelux, um ramo da empresa-mãe Saint-Gobain, citado pelo The Guardian. “Se tivéssemos imprimido todos os elementos de uma só vez, teríamos demorado menos de cinco dias. Porque o grande benefício é que o impressor não precisa comer, não precisa dormir, não precisa descansar. Portanto, se começarmos amanhã e aprendermos como fazê-lo, podemos imprimir a próxima casa daqui a cinco dias”, acrescenta.
Huysmans ressalva ainda que, através desta tecnologia, é possível aumentar a criatividade e a flexibilidade dos designs arquitetónicos. “Porque é que nós tivemos tanto trabalho para imprimir este “rochedo”? Porque isto mostra perfeitamente que podemos fazer quase todas as formas que quisermos”, remata.