António Filipe Pimentel, diretor do museu, disse esta quarta-feira, na visita guiada aos jornalistas que se trata de "um pintor extraordinário, mas pouco conhecido em Portugal, e que o MNAA sempre desejou expor".
A exposição é inaugurada esta quinta-feira, às 18:30, e abre ao público na sexta-feira, ficando patente até 31 de março de 2019.A exposição é organizada mediante um convénio estabelecido entre a Direção-Geral do Património Cultural, o Ministério de Cultura e Desporto, de Espanha, e a Fundação Museu Sorolla.
Nas obras que integram a mostra do artista nascido em Valência, quase na totalidade provenientes do Museu Sorolla, em Madrid, com mais três de coleções particulares de Espanha, predominam as paisagens que o artista gostava de pintar ao ar livre, durante as viagens que realizou em Espanha, na viragem do século XIX para o século XX.
Natureza e Espanha rural nesta exposição
A natureza atravessa as obras em exposição, mas além das paisagens, também são apresentadas pinturas da vida quotidiana, grandes cidades, como Toledo, o mar e as praias, com cenas de brincadeiras estivais de crianças e jovens veraneantes, e há uma sala dedicada às obras de caráter etnográfico, que revelam a Espanha rural e o seu nacionalismo estético, de inspiração regionalista.
De acordo com a comissária da mostra, a investigadora Carmen Pena, esta exposição "é sobre a beleza dos quadros de Sorolla, reveladores de uma cultura, e de uma certa época em Espanha".
"Ele movia-se num círculo de artistas regionalistas, que, na altura, tinham grande importância, e procuravam a paisagem pura do interior", apontou a investigadora, recordando que Sorolla gostava de pintar ao ar livre, em grandes telas.
Sublinhou ainda que o artista espanhol, considerado um dos grandes vultos da pintura moderna europeia - obteve grande êxito internacional logo no início da carreira, quando expôs pela primeira vez numa galeria em Paris, com 450 quadros, sucesso que se viria a repetir em exposições nos Estados Unidos.
Versão mais alargada em Lisboa
Esta exposição foi apresentada no Museu Sorolla, em Madrid, em 2016, mas para o MNAA foi criada uma versão mais alargada, com novos núcleos e peças, com o objetivo de dar ao público português uma imagem mais abrangente da obra do artista.
José Alberto Seabra, subdiretor do MNAA e responsável pela coordenação da exposição - em conjunto com Consuelo Luca de Tena, diretora do Museu Sorolla - este artista espanhol "foi muito ativo", e pintou também "para não deixar esquecer a alma espanhola".
"Ele quis salvar a memória dos costumes de Espanha que estavam a desaparecer devido à industrialização", comentou, acrescentando que, nos seus planos, esteve para vir a Portugal, mas nunca o chegou a fazer, existindo apenas uma tela pintada junto à fronteira, em Ayamonte, na margem do Guadiana, no qual surgem representadas figuras com trajes portugueses.
Questionado pela agência Lusa sobre se o MNAA possui alguma obra deste pintor, José Alberto Seabra disse que não está representado na coleção do museu, "mas não é de excluir".
"Ele tem uma pintura ancorada no academismo, mas com um olhar novo, para o futuro", apontou.Sorolla teve muito sucesso em vida, "mas foi considerado um pintor fútil pela crítica, que, mais tarde, nos anos 1980 e 1990, o recuperou, reconsiderado-o, e voltou a ganhar importância".
Com LUSA