Cultura

Sessão de Cinema: “Oito e Meio”

Sessão de Cinema: “Oito e Meio”
Marcello Mastroianni no papel de um cineasta que (não) é Federico Fellini

Um artigo de opinião de João Lopes.

Vencedor do Óscar de melhor filme estrangeiro referente a 1963, este é um dos títulos mais confessionais da obra do mestre italiano Federico Fellini.

Federico Fellini estreou-se na realização com “Luzes da Ribalta” (1950), repartindo a realização com o seu amigo Alberto Lattuada. Seria, talvez, meio filme… O certo é que quando começou a rodar um filme sobre o mundo e os fantasmas de um realizador de cinema, interpretado por Marcello Mastroianni, começou por lhe chamar “La Bella Confusione” (à letra: “A Bela Confusão”). Depois, hesitou e pensou que seria mais simples chamar-lhe apenas “Comédia”. Enfim, refez as contas da sua filmografia pessoal e acabou por se decidir por um título que entrou na história e na mitologia do cinema: “Oito e Meio”.

Agora disponível numa plataforma de streaming, “Oito e Meio”, lançado em 1963, tornou-se uma das referências obrigatórias na arqueologia do “cinema-dentro-do-cinema”. E não apenas porque se trata de descobrir os bastidores da fabricação dos filmes. Sobretudo porque Guido Anselmi, o cineasta a que Mastroianni empresta toda a subtileza do seu talento, é um símbolo exemplar da mais “felliniana” das questões: encenar o mundo à nossa volta é também expor os fantasmas mais recônditos da criação cinematográfica e, nessa medida, do desejo artístico. O que, naturalmente, empresta a “Oito e Meio” a vibração de um exercício em muitos aspectos confessional.

Consagrado com o Óscar de melhor filme estrangeiro de 1963, “Oito e Meio” é também um conto moral sobre as relações masculino/feminino. Com Mastroianni contracenam, assim, por exemplo, Claudia Cardinale, Anouk Aimée e Sandra Milo. Sem esquecer que um dos emblemas mais universais do filme é a sua banda sonora, assinada por esse compositor admirável que foi Nino Rota.

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