Nome fundamental do actual cinema dos EUA, Paul Thomas Anderson dirigiu várias vezes o brilhante Philip Seymour Hoffman — este filme é um dos momentos emblemáticos da sua colaboração.
Numa altura em que “Licorice Pizza”, de Paul Thomas Anderson, vai surgindo em diversas listas de nomeações da temporada dos prémios (a desembocar nos Óscares, a 27 de março), vale a pena regressarmos a uma das suas grandes proezas cinematográficas: “The Master”, produção de 2012, entre nós lançada com o subtítulo “O Mentor”.
Estamos perante um filme pleno de ressonâncias sociais e simbólicas. Isto porque o “mestre” a que o título se refere é o líder de um movimento religioso, mais ou menos secreto e marginal, que se auto-designa como “A Causa”. A sua dinâmica interior envolve formas de manipulação, nem sempre muito subtis, dos seus seguidores, no limite suscitando perturbantes questões sobre os mecanismos de crença e as fronteiras da liberdade humana.
Como sempre, o trabalho de Anderson apresenta-se indissociável de uma elaborada direcção de actores — talentosos actores, convém acrescentar. Joaquin Phoenix interpreta um veterano da Segunda Guerra Mundial que procura “A Causa” como uma maneira de lidar com os seus próprios traumas numa sociedade que parece rejeitá-lo. No papel do “Master” encontramos o sempre admirável Philip Seymour Hoffman (1967-2014), numa das suas composições mais subtis, ele que colaborou várias vezes com Anderson.
Ainda no plano das ligações simbólicas (ou, pelo menos, familiares), importa referir o trabalho desse notável estreante de “Licorice Pizza” que é Cooper Hoffman — nascido em 2013, Cooper é filho de Philip Seymour Hoffman.