Economia

Inflação média anual atinge máximo de 30 anos em 2022

Taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor foi de 9,6%.

O Instituto Nacional de Estatística confirmou esta quarta-feira que o Índice de Preços no Consumidor (IPC) registou uma variação média anual de 7,8%, em 2022, “significativamente acima da variação registada no conjunto do ano 2021 (1,3%)”.

Trata-se da variação anual mais elevada desde 1992.

O INE adiantou ainda que a taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) baixou para 9,6% em dezembro, face aos 9,9% registados em novembro.

"Com arredondamento a uma casa decimal, esta taxa coincide com o valor da estimativa rápida divulgada a 30 de dezembro", refere o INE.

No último mês de 2022, o indicador de inflação subjacente (IPC excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) registou uma variação homóloga de 7,3%, taxa superior em 0,1 pontos percentuais à registada em novembro e "a mais elevada desde dezembro de 1993".

Preços dos bens aumentaram 10,2% (1,7% em 2021)

Segundo o instituto estatístico, excluindo do IPC a energia e os bens alimentares não transformados, a taxa de variação média situou-se em 5,6% em 2022 (0,8% no ano anterior).

"O aumento da taxa de variação do IPC entre 2021 e 2022 foi influenciado pelo comportamento da inflação subjacente atrás referido e pela aceleração dos preços dos produtos alimentares não transformados e dos produtos energéticos, que registaram variações médias anuais de, respetivamente, 12,2% e 23,7% (0,6% e 7,3% em 2021)", detalha o INE.

Segundo acrescenta, "em 2022, à semelhança do ano anterior, observou-se um crescimento médio anual mais elevado dos preços dos bens que os dos serviços": Os preços dos bens aumentaram 10,2% (1,7% em 2021) enquanto a taxa de variação média dos preços dos serviços foi 4,3% (0,6% no ano anterior).

De acordo com o INE, a taxa de variação homóloga do IPC total "evidenciou uma acentuada subida ao longo de 2022, com maior intensidade na primeira metade do ano".

Já no segundo semestre de 2022, "a variação homóloga do IPC manteve-se elevada e acima da média do ano, mas observou-se uma desaceleração dos preços nos últimos dois meses do ano", sendo que "a variação média registada no segundo semestre (9,5%) foi superior à do primeiro (6,1%)".

Aceleração do IPC verificou-se na maioria das respetivas categorias em 2022

No ano passado, a aceleração do IPC verificou-se na maioria das respetivas categorias, refletindo os aumentos dos preços dos bens energéticos, em particular no primeiro semestre.

O agregado dos 'produtos energéticos', composto por produtos que têm um peso significativo nas classes da 'habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis' e dos 'transportes', passou de uma taxa de variação média de 7,3% em 2021 para 23,7% em 2022.

"Também aqui se verificou uma aceleração entre semestres, menos significativa que a do IPC total, com variações médias no primeiro semestre de 22,2% e de 25,1% no segundo", precisa o INE.

Já os produtos alimentares não transformados, que em 2021 tinham registado uma variação anual de 0,6%, sofreram em 2022 "um forte aumento de preços" (12,2%), tendo as variações médias de cada semestre de 2022 sido de 7,7% no primeiro semestre e 16,7% no segundo, "resultado de uma trajetória de aceleração constante das taxas homólogas até ao mês de outubro".

Ao nível das classes de despesa, o INE destaca o comportamento da classe da 'habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis': "Na primeira metade do ano assistiu-se a uma forte subida dos preços refletindo essencialmente os efeitos do conflito na Ucrânia nos mercados europeus de energia. Na segunda metade do ano, as variações homólogas dos preços desta classe mantiveram-se altas, verificando-se ainda assim alguma estabilização na parte final do ano", explica.

Quanto à classe dos 'transportes', tendo registado um aumento de 4,4% em 2021, registou uma taxa de variação "muito elevada" no primeiro semestre (10,7%), acima da média anual (10,0%), "refletindo sobretudo os impactos do forte aumento dos preços dos combustíveis para veículos".

No segundo semestre, a variação registada (9,4%) foi "ligeiramente inferior ao valor médio do ano", tendo-se verificado reduções na respetiva variação homóloga, com a taxa de dezembro (5,9%) inferior à registada em janeiro (6,2%).

Por fim, a classe dos 'restaurantes e hotéis' também apresentou "aumentos significativos de preços" em 2022 (11,7%), depois de ter registado uma variação média negativa em 2021 (-0,8%).

Uma “aceleração que ainda reflete, em parte, os efeitos da pandemia covid-19”

O INE explica que "esta aceleração ainda reflete, em parte, os efeitos da pandemia covid-19, com a reabertura total das atividades económicas em 2022".

"Efetivamente, registou-se um forte aumento de preços sobretudo até setembro de 2022 -- coincidente com a época de maior procura turística do nosso país, tendo-se verificado uma diminuição da variação homóloga desta classe no último trimestre do ano", refere.

Considerando apenas o mês de dezembro, o agregado relativo aos produtos energéticos apresentou uma variação de 20,8% (24,7% no mês anterior), enquanto o índice referente aos produtos alimentares não transformados registou uma variação de 17,6% (18,4% em novembro), contrastando com a aceleração registada nos produtos alimentares transformados, cuja variação homóloga passou de 16,8% no mês precedente para 17,5%.

Em termos mensais, IPC registou uma variação de -0,3% em dezembro (0,3% no mês anterior e nula em dezembro de 2021).

Quanto ao Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), registou uma taxa de variação média de 8,1% em 2022 (0,9% no ano anterior), tendo-se a taxa de variação homóloga situado nos 9,8% no mês de dezembro, taxa inferior em 0,4 pontos percentuais à observada em novembro de 2022 e superior em 0,6 pontos percentuais ao valor estimado pelo Eurostat para a área do euro (em novembro de 2022, esta diferença foi de 0,1 pontos percentuais).

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