O atraso no pagamento de apoios a projetos financiados pelo Portugal 2020 está a deixar várias empresas em dificuldades. Algumas aguardam pelo dinheiro há já dois anos. Só no Algarve, há mais de uma centena de empresas nesta situação.
Quando a fábrica abriu, em 2019, era grande a expectativa. Depois de vários anos de estudo e encubação, em parceria com a Universidade do Algarve, os fundadores estavam prontos para pôr no mercado produtos diferentes e saudáveis, feitos da vagem da alfarroba - tabletes, cremes de barrar, farinhas e xarope foram lançados, mas a altura foi a pior
Na prática, só em 2022 foi possível à marca dar-se a conhecer no mercado, o que teve impacto nas contas e trouxe dificuldades de tesouraria. É com preocupação que o responsável encara o atraso no pagamento de cerca de 50 mil euros da tranche final dos fundos do Portugal 2020.
Só no Algarve, dos cerca de 1.000 projetos apoiados pelo Portugal 2020, cerca de 500 ainda não estão fechados. Mais de 100 já deviam ter sido pagos há um ou dois anos. É o caso de uma empresa, em Faro, que começou agora a comercialização de um software de apoio à terceira idade, baseado em inteligência artificial
O Lar a Lar teve um financiamento de 200 mil euros do Portugal 2020. Só recebeu metade. O pagamento final também está atrasado
A Comissão de Coordenação Regional do Algarve explica que, em dois anos e meio, conseguiu quase duplicar a taxa de execução dos fundos comunitários, mas admite haver muitos projetos ainda por fechar. Os processos dependem também de outros organismos e faltam recursos para analisar tudo a horas
A Associação de Profissionais de Consultoria (Aconsultiip) fala num problema transversal, que afeta todo o país. A Aconsultiip fala em excesso de burocracia, falta de capacidade dos serviços e alerta para o crivo usado.