Os Paços do Concelho de Vila Real de Santo António foram penhorados pelo Millennium BCP. O edifício público faz parte de um conjunto de cinco imóveis que o banco quer vender para saldar uma dívida de 22 milhões de euros, devida há 15 anos por uma sociedade municipal.
A ordem de penhora chegou no início de março, mas só agora foi divulgada pelo município. O atual Executivo socialista queixa-se da forma como as dívidas, contraídas entre 2007 e 2009, alegadamente sem visto do Tribunal de Contas, foram geridas ao longo dos anos. Os 32 milhões de euros iniciais deveriam ter sido pagos em 10 anos.
O presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, Álvaro Araújo, explica que o município vai perder o “edifício [da Câmara], o complexo desportivo, o parque de campismo e a pousada do pestana”.
Álvaro Araújo aponta o dedo ao Millennium BCP, mas principalmente aos dois anteriores executivos sociais-democratas.
O município procura agora argumentos jurídicos para adiar a execução, mas a penhora dos cinco edifícios pode bem ser apenas só uma das dores de cabeça.
O atual Executivo parece não saber para onde foi o dinheiro dos empréstimos: 13 milhões para um pavilhão inacabado e quase três milhões para 40 casas que nunca foram construídas.
O anterior e atual autarca parecem concordar numa coisa: a autarquia mais endividada do país, com um passivo de 180 milhões de euros, seis vezes acima do admitido por lei deve ser investigada.