Nasceu em Coimbra, em 1988, mas deixou a cidade ainda em criança. Filho de uma advogada e de um militar, mudou-se para Vila Nova da Barquinha, perto de Tancos, onde o pai foi colocado. Frequentou o Colégio Militar e depois a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. É sportinguista e deixou a direção de Frederico Varandas para se candidatar à liderança dos centristas.
Com 33 anos, é o mais jovem líder partidário. Essa foi, aliás, uma das críticas que lhe dirigiram quando entrou na corrida à liderança do CDS-PP. No primeiro dia do congresso em que acabou por ser eleito, em janeiro de 2020, brincou com o assunto, repetindo uma frase já dita por Manuel Monteiro: “Não se preocupem que passa com o tempo”.
Conhecido como “Chicão” dentro do partido, não gosta que o nickname que terá sido criado por Paulo Portas seja usado fora do círculo dos que lhe são mais próximos.
Francisco Rodrigues dos Santos pertence à ala mais conservadora do CDS-PP: é contra o aborto, a eutanásia, a adopção por casais homossexuais e o casamento homossexual, preferia que lhe chamassem união civil.
Foi adjunto no gabinete do ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, no XX Governo Constitucional. Em 2013, foi eleito membro da Assembleia de Freguesia de Carnide, posição que manteve até 2017.
Em dezembro de 2015 tornou-se presidente da Juventude Popular, tendo sido reeleito em maio de 2018. Nesse mesmo ano foi considerado pela revista Forbes como um dos “30 jovens mais brilhantes, inovadores e influentes da Europa”, na categoria de Direito e Política. A distinção baseou-se no trabalho que desenvolveu enquanto líder da Juventude Popular, ao ultrapassar os 20.000 filiados e duplicando o número de membros eleitos.
Nas legislativas de 2019, foi candidato a deputado à Assembleia da República pelo círculo eleitoral do Porto, apesar de ser o segundo na lista não foi eleito deputado, uma vez que o CDS-PP obteve pouco mais do que 31 mil votos no distrito, numa eleições em que o CDS-PP obteve a sua mais baixa votação, quer a nível local quer nacional.
Da intenção de reunificar o partido aos episódios de dissidências
Quando em janeiro de 2020 chegou à liderança queria unir o partido, mas foram vários os militantes do CDS-PP que mais tarde abandonaram as fileiras partidárias.
“A primeira medida enquanto líder do CDS-PP será reunificar o partido e permitir que dentro de casa estejamos todos unidos porque o nosso adversário é António Costa e é o socialismo em Portugal”, disse em entrevista à rádio Observador, nas vésperas de ser escolhido para presidente dos centristas.
Cerca de um ano mais tarde, num polémico Conselho Nacional, foi aprovada uma moção de confiança a Francisco Rodrigues dos Santos, com 54,4% dos votos favoráveis, que permitiu a sua continuidade como líder do CDS.
Em março, anunciou que seria candidato às eleições autárquicas de 2021, foi cabeça de lista pela Assembleia Municipal de Oliveira do Hospital e acabou por ser eleito com 34,3% dos votos.
A sua liderança tem sido marcada por vários episódios de dissidências, mesmo entre os seus apoiantes iniciais. Entre os que abandonaram a sua direcção estão Abel Matos Santos, Filipe Lobo d’Ávila, Isabel Meneres Campos e Raul Almeida.
A 30 de outubro de 2021, a poucas horas da eleição dos delegados ao 29.º Congresso do CDS-PP, com data prevista para 27 e 28 de novembro, decide suspender o Congresso através de um Conselho Nacional marcado com urgência e realizado virtualmente. Na base da decisão esteve o argumento de que o tempo seria escasso para a elaboração de listas de deputados, isso numa altura em que ainda não era conhecida a data para a realização das legislativas.
O adiamento do Congresso gerou protestos e várias desfiliações de atuais e antigos dirigentes, entre os quais Adolfo Mesquita Nunes, António Pires de Lima, Manuel Castelo-Branco, Inês Teotónio Pereira e João Condeixa.
Sportinguista, fã de Zeca Afonso e amigo do filho de António Costa
É o mais velho de três irmãos, todos rapazes, filho de um oficial do exército e de uma advogada. Nasceu em Coimbra, mas quando tinha 5 anos a família mudou-se para Vila Nova da Barquinha, devido ao trabalho do pai.
No ensino básico e secundário frequentou o Colégio Militar. Defende que a carreira nas forças armadas deveria ser mais atrativa e que o serviço militar deve ser uma vocação e não uma obrigação.
Na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde se formou em Direito, presidiu à Mesa da Reunião Geral de Alunos (RGA) da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa e, por inerência, à Comissão Eleitoral e ao Conselho Consultivo de Representantes da Faculdade. Foi também aí que se tornou amigo do filho de António Costa.
“Falamos de tudo, somos amigos já desde os tempos da Faculdade, ele chegou inclusivamente a ser meu apoiante nas listas à Associação Académica, fomos felizes nos resultados que tivemos, somos companheiros de vida, mas há algo que nos separa, que é a política. Como dizia Exupéry, há coisas que são invisíveis aos olhos”, disse em fevereiro de 2021 no programa da RTP “Cinco para a Meia-Noite”.
No mesmo programa falou também da paixão pelo Sporting e de gostos musicais – “Eu gosto das músicas de Zeca Afonso, são músicas que entusiasmam à intervenção política. Tenho admiração musical por Zeca Afonso”. Também é fã de Coldplay, The Beatles, Queen, Pearl Jam, Rui Veloso, Samuel Úria e B Fachada.
Sobre a preferência clubística, disse com ironia: “Não é fácil ser-se do CDS e do Sporting, é uma capacidade, de resiliência, sacrifício e superação permanente, que fazem de nós verdadeiros leões dentro e fora da política”, admitiu na entrevista à RTP, quando faltavam poucos meses para o clube de Alvalade conquistar o título que lhe escapava há 19 anos.
Casamento e mensagem de Natal
Francisco Rodrigues dos Santos realça como “valores fundamentais” a família, a dignidade humana, a segurança, o trabalho e a ética judaico-cristã.
Casou-se com Inês Guerra Vargas em julho de 2021, depois de quase dois anos de noivado. Em vários momentos, não tem escondido a emoção quando fala da mulher. Ainda antes do casamento, quando questionado sobre a música para a cerimónia, assumiu que poderia escolher para a ocasião a canção “Ninguém te Ama como Eu”, um dos temas que mais aprecia entre os que são interpretados pelo Centro Universitário Padre António Vieira.
No Natal de 2021, divulgou uma mensagem em vídeo, na qual, com ironia, deixou críticas aos partidos de direita. À frente de uma hipotética mesa onde se sentaria a família na ceia de Natal, fez alusões à Iniciativa Liberal, partido citadino de elites, deixou críticas ao Chega por ser “tontinho” e incoerente, e também ao PSD, por desistir de se sentar à mesa com a Direita para dar preferência à negociação com o PS.
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