A candidata do PAN, Inês Sousa Real, e o candidato do Chega, André Ventura, protagonizaram o frente a frente desta sexta-feira na SIC Notícias para as eleições legislativas de 30 de janeiro de 2022. Em destaque estiveram temas como impostos, alterações climáticas e bem-estar animal.
O debate ao minuto:
- Coligações e acordos
Inês Sousa Real abre o debate afirmando que o PAN é um partido que “tem sido essencial à democracia” portuguesa e que os seus eleitores “conhecem bem” qual tem sido o papel do partido na defesa dos interesses do país. Questionada sobre um possível apoio ao PS, diz que há linhas vermelhas que o seu partido nunca ultrapassará, nomeadamente no que diz respeito ao combate às alterações económicas, ao bem-estar animal e à retoma socioeconómica.
“Os eleitores do PAN conhecem bem o que tem sido a defesa do PAN dos interesses do país. Não atirámos a toalha ao chão no debate do Orçamento do Estado”, afirma.
André Ventura começa por afirmar que o Chega só governará numa maioria de direita, apontando o dedo ao PAN, que acusa de não ser claro nesse aspeto. Diz ainda que o partido representado por Inês Sousa Real “viabilizou todos os orçamentos socialistas desde António Costa”, razão pela qual considera que o partido não pode ser desresponsabilizado pelo atual estado do país.
“Se hoje temos a maior carga fiscal, a quinta eletricidade mais cara da Europa, uma das gasolinas mais caras da Europa, o PAN não pode ser desresponsabilizado”, diz.
O líder do Chega afirma ainda que o PAN devia ir em coligação com o PS para as legislativas e que “dá jeito ao PAN ser muleta”.
“O PAN consegue fazer coligações com qualquer partido porque em matéria económica ninguém percebe muito bem o que o PAN defende”.
- Alterações climáticas
Questionada sobre as apostas do PAN para o ambiente, Inês Sousa Real defende uma maior utilização dos fundos do PRR, cuja utilização atual considera ser pouca ambiciosa, uma aposta na ligação da ferrovia com todas as capitais de distrito, no combate da pobreza energética, taxar atividades poluentes e apostar na economia verde.
“Precisamos de combater a pobreza energética para que Portugal deixe de ser o 4.º país da Europa onde se morre de frio nas habitações”.
Por fim, critica o oponente, dizendo que o programa do Chega “tem zero propostas” sobre alterações climáticas e proteção animal.
André Ventura responde apontando o dedo ao PAN por “criar mais impostos para as pessoas e para as empresas”, relembrando que o partido de Inês Sousa Real votou contra a descida do IVA na eletricidade.
“É fácil sentarmo-nos à mesa e falar sobre alterações climáticas, mas quando chega a hora de apoiar os portugueses o PAN é contra”, critica Ventura.
Relembra que Portugal é um dos países com a eletricidade e combustíveis mais caros da Europa e que o PAN propõe “mais taxas” para encarecer “ainda mais” a gasolina e o gasóleo.
“Não há milagres, podemos ter uma conversa muito bonita sobre alterações climáticas, mas se isso equivaler a destruir famílias e o seu rendimento não vale a pena”.
- Taxar quem mais polui?
Respondendo às acusações de André Ventura, Inês Sousa Real recorda que foi pela mão do PAN que se conseguiu o alargamento da tarifa social da energia, medida que revela estar já a chegar a mais de 800 mil famílias. Sobre a descida de impostos, sublinha que o PAN defende a redução do IRC com contrapartidas ambientes e sociais.
“Devemos taxar quem mais polui e mais lucra”, diz.
André Ventura manifesta-se contra esta medida dizendo que o Chega se posiciona “contra tudo o que é aumentar impostos em Portugal”, para que as empresas sejam competitivas e “não as sufocarmos”.
“34,8% do PIB em impostos o ano passado. Temos que acabar com esta loucura. Para depois dar rendimentos básicos universais. A classe média paga, os outros vão receber”.
- Bem-estar animal e o mundo rural
Inês Sousa Real esclarece que o PAN “é a favor do progresso civilizacional” e que isso inclui, por exemplo, a proibição das touradas e da caça, sugerindo que se canalizem os 16 milhões de euros anuais do setor das touradas para a cultura.
“No nosso país é possível matar animais à paulada, algo que não devia ser possível no século XXI”, exemplifica.
O líder do Chega intervém para deixar claro que “todos somos contra a barbárie” e que também “adora animais”. Apesar disso, acusa o PAN de querer “matar” o mundo rural ao proibir atividades, como a caça, que envolvem mais de 300 mil pessoas no país , dizendo que isso terá um impacto profundo nas economias locais que dependem deste tipo de atividades.
“O PAN quer proibir, proibir, proibir. O Chega propõe que estas atividades sejam reguladas”, diz Ventura.
- Vegetarianismo
Acusada por André Ventura de querer obrigar todos os portugueses a seguirem uma dieta vegetariana, Inês Sousa Real esclarece que o seu partido é a favor das liberdades individuais, mas que, ao mesmo tempo, defende uma visão para o mundo mais saudável, com uma redução do consumo da carne “não só pela pegada ambiental”, mas também “pelo impacto na saúde humana e no bem-estar animal”.
- Polémica com deputada do PAN
No final do debate, André Ventura recordou a deputada do PAN que foi afastada depois de ter sido acusada de xenofobia por falar sobre “a forma como os ciganos tratam os cavalos”.
Inês de Sousa Real respondeu, esclarecendo que o seu partido respeita todas as comunidades e repudia profundamente maus tratos a animais, “seja de que comunidade for, incluindo do homem branco, que vai para a praça de touros torturar um animal”.