O secretário-geral do Partido Socialista (PS), António Costa, em entrevista à Rádio Renascença, respondeu a várias perguntas, nomeadamente, sobre a relação com o Bloco de Esquerda (BE), o objetivo da maioria absoluta e até sobre José Sócrates.
Segundo casamento?
Sobre a possibilidade de conversações entre o PS e o BE, o primeiro-ministro não fecha portas a Catarina Martins.
“Com certeza a seguir às eleições todos vamos ter de falar com todos. Nunca recusei conversas com o Bloco de Esquerda (BE), só tive pena que no Orçamento o BE tenha interrompido as conversas. Nunca tivemos nenhuma porta fechada ao Bloco.”
Catarina Martins não nega um novo acordo escrito por quatro anos, pelo que propõe a António Costa uma reunião no dia 31 de janeiro, depois de se saber os resultados das eleições legislativas, o que poderia levar ao nascimento de uma nova “geringonça”.
Relativamente a conversações com outras forças partidárias, há uma certeza para Costa:
“Só com o Chega é que não há grande conversa a manter.”
“‘Geringonça’ não é a única solução”
Para António Costa, existem várias soluções em cima da mesa, no que parece ser uma forma indireta de colocar uma maioria absoluta socialista nas hipóteses.
“Devo ser o político português que nos últimos anos mais disponibilidade revelou para dialogar com todas as forças políticas. A ‘geringonça’ não é a única solução, temos de estar abertos a outras.”
No entanto, o secretário-geral socialista assegura que respeitará “sempre a decisão dos portugueses”.
Bloco central com “este PSD”?
António Costa diz que pode falar com outros líder partidários.
“Nunca falo dos partidos como ‘este PSD’, ‘aquele PCP’, ‘este Bloco’. Nada pessoal me impede de falar com os outros líderes partidários. Na Democracia há sempre uma base de entendimento, que é o melhor para o país, mas há caminhos diferentes.
Contudo, o líder do PS aponta que “o PSD não valoriza a melhoria dos salários, por exemplo”.
“Respeitarei a escolha que os portugueses fizerem e em função disso veremos qual será a melhor solução de governação.”
Derrota significa despedida
Caso perca as eleições, o efeito é simples: o PS terá que escolher uma nova liderança, com António Costa a sair.
“Não tenciono interferir nem dar opiniões sobre esse processo. O cenário que temos em cima da mesa nesta última semana de campanha é uma solução em que o mais provável é uma vitória do PS”.
O líder socialista acrescenta que “as sondagens não são o [seu] campeonato” e que “é o [do] dia das eleições”.
Aumento das pensões à vista?
Sobre o aumento das pensões, Costa refere que “nunca [se deve] dar um passo maior que a perna”.
“Mesmo neste período de crise profunda, temos mantido o controlo das finanças públicas. Quando saírem os números finais do défice, e for inferior ao ano passado, iremos continuar a conseguir melhorar o nível das pensões”, aponta.
Posição sobre o salário mínimo
O secretário-geral do PS admite que “é possível ir mais além”.
“Tenho encontrado uma atitude positiva por parte dos empresários. Se pudermos ir mais além, vamos além. É importante para reter as novas gerações em Portugal, não podemos desperdiçar a geração mais qualificada que temos. Isso significa melhores salários e melhor gestão da vida de trabalho”.
António Costa destaca que passa esta mensagem “não só como ministro, mas também como pai”.
Para quando o OE 2022?
O primeiro-ministro refere que “depende dos resultados eleitorais” e que “há prazos a cumprir”.
“Se houver uma vitória do PS, por março podemos estar em condições de discutir um Orçamento do Estado. Se o Governo for novo, não é exigível que possa cumprir estes prazos”, defende.