Camas de cuidados intensivos em hospitais públicos de cidades em quatro estados brasileiros estão perto ou ficarão lotadas antes de maio e junho, período em que o Ministério da Saúde espera ocorrer o pico da pandemia de Covid-19.
Na cidade de São Paulo, a maior do país, existem 19 hospitais públicos, sendo novo dedicados ao tratamento exclusivo de infetados pelo novo coronavírus.
Segundo informações divulgadas hoje pelo governo regional, a média de ocupação das camas da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), usadas para internar pacientes graves, está próxima dos 80% em São Paulo.
A zona leste da cidade de São Paulo é a mais pressionada pelo aumento dos casos da doença e três hospitais públicos desta região estão com todas as vagas de UTI ocupadas.
Em todo o estado de São Paulo, a média da ocupação das UTI é de 65%, e enquanto epicentro da doença no Brasil, registaram-se 11.043 casos do novo coronavírus e 778 mortes. Na cidade do Rio de Janeiro, o hospital de referência no tratamento da covid-19, Ronaldo Gazolla, tem mais de 90% das vagas de UTI ocupadas.
O governo do estado do Rio de Janeiro também começou a alertar para o possível colapso no sistema de saúde, porque alcançou uma taxa de ocupação de 72% das camas da UTI para pacientes diagnosticados com o novo coronavírus.
Segundo informou o Ministério da Saúde brasileiro, há a confirmação de 3.743 casos e 265 mortes no Rio de Janeiro desde o início da pandemia.
O Ceará, estado na região nordeste do Brasil, atingiu hoje a lotação máxima das camas de cuidados intensivos específicas para tratamento da Covid-19 na rede pública.
A responsável de Vigilância e Regulação da Secretaria da Saúde (Sesa), Magda Almeida, citada pelo portal de notícias G1, revelou que o estado já possui 48 pacientes na fila de espera por uma vaga.
O Ceará é o terceiro estado brasileiro com mais casos da doença, com 2.157 infetados e 116 mortos.
Na cidade de Manaus, capital do Amazonas e maior cidade da região norte do país, um mês após a confirmação da primeira infeção pelo novo coronavírus o sistema de saúde entrou em colapso e já há falta de vagas em UTI desde a semana passada.
Perante o problema, o Governo brasileiro construiu um hospital de campanha para atender a população de Manaus e de cidades do interior do Amazonas, que recebeu os primeiros pacientes na segunda-feira.
Um boletim divulgado pela Secretaria de Saúde de Manaus indicou que a cidade registou 1.350 casos confirmados da covid-19, 140 pacientes com a doença estão internados, outras 509 pessoas internados ainda são consideradas como casos suspeitos e confirmou 92 mortes provocadas pela doença.
A lotação das UTI distribuídas pelo Brasil ocorre antes do pico estimado pelo Governo central para a propagação da doença, que deverá ocorrer entre maio e junho, e também surge num momento em que há muita incerteza quanto à política adotada para controlar a propagação do vírus no país.
O atual ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que se opôs à política defendida pelo Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, de flexibilizar o isolamento social, poderá deixar o cargo.
Numa conferência de imprensa em Brasília, na quarta-feira, Mandetta falou num tom de despedida e indicou que há transição em curso no Ministério da Saúde.
O ministro admitiu hoje de manhã que deverá sair do comando da pasta:
"Hoje, mais tardar amanhã, mas, enfim, isso deve se concretizar", referiu numa conferência do Fórum Inovação Saúde transmitida pela Internet.