O escritor Luis Sepúlveda morreu esta quinta-feira, aos 70 anos, vítima da Covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus.
O autor chileno sentiu os primeiros sintomas dois dias depois de ter passado pelo festival literário Correntes d'Escritas, na Póvoa de Varzim, em fevereiro.

CHEMA MOYA
A confirmação de que estava infetado com o novo coronavírus levou, na altura, a organização do festival a recomendar uma quarentena voluntária aos participantes.
Tudo isto aconteceu ainda antes de as autoridades portuguesas confirmarem oficialmente qualquer registo de infeção em Portugal, o que só viria a acontecer a 2 de março.
Luís Sepúlveda regressou a casa, em Oviedo, Espanha, onde, no início de março, começou a sentir-se mal. Procurou ajuda médica, com sinais de pneumonia, e foi diagnosticado com a Covid-19.

O escritor chileno Luís Sepúlveda acompanhado do realizador italiano Enzo d'Alò, em pleno Festival Internacional de Cinema de Veneza, em 1991
Reuters
O escritor estava internado no Hospital das Astúrias, onde acabou por ser induzido em coma.
Luís Sepúlveda, que nasceu no Chile a 4 de outubro de 1949, estreou-se nas letras em 1969, com "Crónicas de Piedro Nadie" ("Crónicas de Pedro Ninguém"), dando início a uma bibliografia de mais de 20 títulos, que inclui obras como "O Velho que Lia Romances de Amor" e "História de Uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar".
O escritor tem toda a obra publicada em Portugal - alguns títulos estão integrados no Plano Nacional de Leitura -, e era presença regular em eventos literários no país.
Sepúlveda tem a sua obra editada em Portugal pela Porto Editora que, num voto de pesar, endereça à "(...) família e aos amigos de "Lucho" (como carinhosamente era tratado) e a todos os seus leitores (...) as mais sinceras e sentidas condolências por tão grande perda".
Luís Sepúlveda era casado com a poetisa Carmen Yáñez, que também esteve hospitalizada e em isolamento, mas não foi infetada.

Sepúlveda abraça um compatriota junto à recém-inaugurada estátua do antigo Presidente chileno Salvador Allende, em Oviedo (1999), assassinado após o golpe de Estado levado a cabo por Pinochet
Stringer .