Laboratórios por todo o mundo estão numa corrida contra o tempo para desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus. Há dezenas de equipas a testar várias candidatas a vacina, algumas estão mais avançadas e são promissoras, mas os cientistas avisam que nenhuma deverá estar pronta antes do fim deste ano.
Segundo o London School of Hygiene & Tropical Medicine, (que tem um gráfico que mostra o progresso das experiências) mais de 50 projetos estão na fase de ensaios clínicos - que consiste na inoculação da vacina em milhares de voluntários a fim de determinar se impede de facto a infeção.
Os resultados mais encorajadores vêm da Pfizer e da BioNTech, da Moderna, do projeto entre a Universidade de Oxford e a AstraZeneca e de vários projetos chineses, nomeadamente da CanSinoBIO que já obteve autorização para administrar a vacina em militares chineses.
Universidade de Oxford e laboratório AstraZeneca
A 1 de julho, a equipa da Universidade de Oxford, que está a desenvolver a potencial vacina AZD1222 com o laboratório AstraZeneca, afirmou ter alcançado um resultado encorajador nos testes clínicos com voluntários que desenvolveram uma resposta imunitária
Em declarações ao Parlamento britânico, a líder da equipa Kate Bingham recusou no entanto dar um prazo concreto para a finalização da vacina.
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Pfizer e BioNTech
A farmacêutica norte-americana Pfizer e a sociedade alemã BioNTech estão a desenvolver a vacina BNT162b1. Anunciaram a 1 de julho resultados preliminares positivos após ensaios clínicos com 45 participantes.
Em comunicado conjunto, afirmam que a vacina BNT162b1 "é capaz de gerar uma resposta de anticorpos nos seres humanos em níveis superiores ou iguais aos observados nos soros convalescentes - em doses relativamente baixas".
Soro convalescente provém do sangue de pessoas infetadas pelo vírus SARS-CoV-2 e que recuperaram.
Estes dados preliminares provêm de um ensaio clínico dito de fase 1/2 realizado nos EUA para verificar se a vacina não é tóxica e que desencadeia uma resposta do sistema imunitário para preparar o corpo para combater o vírus.
Participaram 45 pessoas entre os 18 e os 55 anos, a maioria recebeu doses com 21 dias de intervalo, fosse da vacina ou do placebo, sem saber qual deles. Um número relativamente alto dos participantes teve febre após a segunda dose.
A tecnologia desta vacina reside no ARN mensageiro, um código genético que se insere nas células humana para as obrigar a fabricar anticorpos específicos para o novo coronavírus.
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CansinoBIO
CanSinoBIO e outras vacinas chinesas
A Academia Militar de Ciências Médicas do Exército Chinês, em colaboração com a empresa CanSino BIO, estão a desenvolver uma vacina que usa um adenovírus.
A vacina Ad5-nCoV recorre a clonagem molecular da covid-19, técnica da engenharia genética conhecida também por ADN recombinante.
Passou pelas fases I e II de testes, que indicaram que tem "potencial para prevenir doenças causadas pelo Sars-Cov-2", segundo a CanSinoBIO em comunicado.
A 25 de junho foi aprovada para "uso exclusivo dos militares" chineses pela Comissão Militar Central.
Pelo menos mais sete candidatos a vacina desenvolvidos por empresas chinesas estão em fase de testes clínicos na China.
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Farmacêutica Moderna
A empresa de biotecnologia dos Estados Unidos anunciou resultados positivos para uma potencial vacina contra o novo coronavírus. Garantiu que os organismos dos oito pacientes que receberam as duas doses produziram anticorpos.
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Imperial College
Cientistas da universidade britânica Imperial College London, que estão a desenvolver uma vacina contra a covid-19 com uma abordagem inovadora, já iniciaram os primeiros testes clínicos com 300 voluntários em meados de junho. Numa segunda fase, que será iniciada em outubro, o ensaio será feito com 6 mil pessoas.
Em vez de usar o método tradicional de inocular pessoas com uma forma enfraquecida ou modificada do vírus, este projeto usa filamentos sintéticos de ARN com base no material genético do vírus.
Uma vez injetado no músculo, o ARN auto-amplifica-se, gerando cópias de si próprio, e instrui as células do próprio corpo a produzirem cópias de uma proteína espinhosa encontrada na parte externa do vírus.
Este processo pretende treinar o sistema imunitário a responder ao coronavírus para que o corpo possa reconhecê-lo facilmente e defender-se contra a covid-19 no futuro.
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A francesa Sanofi e a britânica GSK, que estão a desenvolver em conjunto uma vacina candidata, lançaram um teste clínico em humanos em setembro, "no qual 440 participantes foram recrutados".
As duas empresas planeiam obter os primeiros resultados "no início de dezembro de 2020 e poder lançar um teste de fase III antes do final do ano".
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Links úteis
- Especial sobre o novo coronavírus / Covid-19
- Covid-19 DGS/Ministério da Saúde - mapa dos números
- Covid-19 DGS - relatórios de situação diários
- Linha SNS24
- Direção-Geral da Saúde (DGS)
- Organização Mundial da Saúde (OMS)
- ECDC - Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças
- London School of Hygiene & Tropical Medicine (gráfico que mostra o progresso dos projetos de vacina)