A Comissão Europeia concluiu hoje conversações exploratórias com a farmacêutica BioNTech-Pfizer com vista à possível compra de uma vacina contra a covid-19, sendo o sexto laboratório com que o executivo comunitário negoceia.
Segundo um comunicado de imprensa, o contrato em vista com a BioNTech-Pfizer prevê uma compra inicial de 200 milhões de doses, mais uma opção de compra de mais 100 milhões de doses, a serem fornecidas assim que uma vacina tenha provado ser segura e eficaz contra a covid-19, e ainda a possibilidade de todos os Estados-membros a adquirirem.
A BioNTech-Pfizer é a sexta empresa com a qual a Comissão concluiu conversações, após a Sanofi-GSK a 31 de julho, Johnson & Johnson a 13 de agosto, CureVac a 18 de agosto e Moderna a 24 de agosto e Oxford/AstraZeneca.
O primeiro contrato, assinado com a AstraZeneca, entrou em vigor a 27 de agosto, tendo, entretanto, a biofarmacêutica suspendido os testes da fase final da vacina que está a desenvolver contra a covid-19, em parceria com a Universidade de Oxford, após uma suspeita de reação adversa séria num participante do estudo.
Revés na vacina mais avançada
Os ensaios clínicos do projeto de vacina para a Covid-19 entre a Universidade de Oxford e a AstraZeneca foram suspensos esta terça-feira, depois de uma reação adversa num voluntário.
"Como parte dos testes globais controlados e aleatórios em andamento da vacina de Oxford contra o coronavírus, o nosso processo de revisão padrão desencadeou uma pausa na vacinação para permitir a revisão dos dados de segurança", indicou a companhia em comunicado.
A AstraZeneca frisou que se trata de "uma ação de rotina, que deve acontecer sempre que houver uma doença potencialmente inexplicada num dos ensaios, enquanto é investigada", de forma a garantir que é mantida "a integridade dos ensaios".
"Em testes de larga escala, as doenças acontecem por acaso, mas devem ser revistas de forma independente para que sejam verificadas com cuidado. Estamos a trabalhar para acelerar a revisão de um único evento para minimizar qualquer impacto potencial no cronograma do teste. Estamos comprometidos com a segurança de nossos participantes e os mais altos padrões de conduta nos nossos testes", concluiu o comunicado.
Dessa forma, os estudos em estágio final da vacina estão suspensos enquanto a empresa investiga se um relatório de um paciente com um efeito secundário sério está relacionado com o produto em desenvolvimento.
Um porta-voz da AstraZeneca confirmou que a pausa nas vacinações abrange os testes nos Estados Unidos da América (EUA) e em outros países.
"Segurança da vacina é o mais importante"
O ministro da Saúde britânico Matt Hancock lamenta a decisão, mas considera que é a prova de que a segurança é o critério mais importante quando se fala numa vacina.
OMS refere que segurança é prioridade numa vacina
A segurança de uma vacina potencial para a Covid-19 vem "em primeiro lugar", disse a cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde Soumya Swaminathan.
"Só porque falamos sobre rapidez [no desenvolvimento da vacina] ... isso não significa que vamos comprometer [a segurança] ou fazer atalhos", disse Soumya Swaminathan num evento.
"O processo ainda tem que seguir as regras do jogo. Para medicamentos e vacinas que são dados às pessoas, é preciso testar a segurança, antes de mais nada”, garantiu.
30 mil voluntários nos EUA e Brasil
No mês passado, a AstraZeneca começou a recrutar 30.000 pessoas nos EUA para o seu maior estudo da vacina, que também está a ser testada em milhares de pessoas no Reino Unido, Brasil ou na África do Sul.
O Governo brasileiro já acertou um protocolo de intenções que prevê a disponibilização de 30 milhões de doses dessa vacina até ao final do ano e está a concluir as negociações para o pagamento e assinatura de um acordo final que incluirá também a transferência de tecnologia para produção nacional, que deverá ser conduzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A informação da suspensão da vacina surge no mesmo dia em que a AstraZeneca e oito outros fabricantes de medicamentos assinaram um compromisso, prometendo manter os mais altos padrões éticos e científicos no desenvolvimento das suas vacinas, e que não procurariam obter a aprovação governamental prematura para nenhuma vacina contra o novo coronavírus.
Amanda Perobelli
As vacinas mais promissoras no combate à Covid-19
Laboratórios por todo o mundo estão numa corrida contra o tempo para desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus. Há dezenas de equipas a testar várias candidatas a vacina, algumas estão mais avançadas e são promissoras, mas os cientistas avisam que nenhuma deverá estar pronta antes do fim deste ano.
Segundo o London School of Hygiene & Tropical Medicine, (que tem um gráfico que mostra o progresso das experiências) há 239 projetos e 8 estão na fase de ensaios clínicos - que consiste na inoculação da vacina em milhares de voluntários a fim de determinar se impede de facto a infeção.
Apesar do agora suspenso ensaio clínico, o projeto entre a Universidade de Oxford e a AstraZeneca é um dos mais promissores, a que se juntam os da Pfizer e da BioNTech, da Moderna e de vários projetos chineses, nomeadamente da CanSinoBIO que já obteve autorização para administrar a vacina em militares chineses.
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Mais de 893 mil mortos e mais de 27,3 milhões de casos de Covid-19 no mundo
A América Latina e Caraíbas ultrapassaram na terça-feira as 300 mil mortes causadas pela covid-19, de acordo com uma contagem da agência de notícias France-Presse (AFP), com base em números oficiais.
O Brasil continua a ser o segundo país do mundo com mais mortos, atrás dos Estados Unidos, com 127.464 óbitos.
Contudo, o destaque vai para o Peru, que superou os 30 mil óbitos no mesmo dia e regista a maior taxa de mortes do mundo em relação ao número de habitantes, com 93,28 mortes por 100 mil habitantes, segundo um 'ranking' publicado pela universidade norte-americana Johns Hopkins.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 893.524 mortos e infetou mais de 27,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
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Portugal com 1.846 mortes e 60.895 casos de Covid-19
A Direção-Geral da Saúde (DGS) anunciou esta terça-feira a existência de 1.846 mortes e 60.895 casos de Covid-19 em Portugal desde o início da pandemia.
O número de mortes subiu de 1.843 para 1.846, mais 3 do que na segunda-feira. Umas das vítimas mortais residia na região de Lisboa e Vale do Tejo e as outras duas na região Norte.
O número de infetados aumentou de 60.507 para 60.895, mais 388.
Em vigilância permanecem 34.466 contactos, mais 130 do que na segunda-feira.
Links úteis
- Especial sobre o novo coronavírus / Covid-19
- Covid-19 DGS/Ministério da Saúde - mapa dos números
- Covid-19 DGS - relatórios de situação diários
- Linha SNS24
- Direção-Geral da Saúde (DGS)
- Organização Mundial da Saúde (OMS)
- ECDC - Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças
- London School of Hygiene & Tropical Medicine (gráfico que mostra o progresso dos projetos de vacina)