Henrique Oliveira, matemático e professor do Instituto Superior Técnico, considera que o confinamento está a fazer efeito, sobretudo desde o fecho das escolas, sublinhando que o Rt (índice de transmissibilidade) está abaixo de 1 em todo o país.
"Estamos a atingir o pico em Lisboa e Vale do Tejo e os números apresentam-se como muito favoráveis", disse o professor, acrescentando que neste aspeto está mais otimista do que a ministra da Saúde, Marta Temido.
No entanto, Henrique Oliveira defende que é necessária prudência porque a pressão nos cuidados de saúde vai manter-se, mesmo depois de ultrapassado o pico.
Redução do número de vítimas mortais
De acordo com as projeções, o número de vítimas mortais vai começar a descer, depois de ter sido atingido um pico muito elevado de óbitos por covid-19.
"Letalidade subiu imenso no mês de janeiro e subiu muito nas camadas acima dos 80 anos", referiu numa entrevista à SIC Notícias.
O professor considera que o número de óbitos vai começar a cair muito depressa e, a partir do final do mês de fevereiro, estima-se que Portugal esteja ao mesmo nível do Natal, "se tudo correr bem".
Os cálculos apontam para um número bastante mais reduzido de vítimas mortais entre os dias 15 e 22 de março. Será nessa altura que se ponderará abrir ou não o país.
"Com os níveis de mortalidade de janeiro e fevereiro seria muito imprudente abrir de uma forma descontrolada", sublinha Henrique Oliveira.
Confinamento está a travar variantes
Henrique Oliveira afirma que o confinamento está a ser bastante eficaz, até no que diz respeito à transmissão de novas variantes do vírus. Ainda não existem dados sobre a variante de Manaus, mas já existe evidência científica sobre a variante britânica e a sul-africana.
"Todas as variantes estrangeiras, a inglesa, a de África do Sul e a até a de Manaus não estão a ser devastadoras em face a este confinamento. Estão a ser dominadas", refere o professor.
Vacinação ainda não vai ter impacto em fevereiro
A vacinação em fevereiro ainda não vai produzir efeitos nos números, afirma Henrique Oliveira. No entanto, se for possível vacinar 80% das pessoas com mais de 80 anos durante fevereiro e março, a proteção vai notar-se significativamente, permitindo que o mês de abril seja um mês de abertura.
"Quero dar um sinal de otimismo, vamos ter verão. A partir de junho, vamos estar numa situação muito favorável, vamos estar numa espécie de imunidade de grupo provisória", alega o professor, lembrando que isso só é possível se os contactos forem reduzidos e o uso de máscara continue a ser generalizado.
Numa perspetiva positiva, que exige alguma prudência, o turismo poderá programar atividades no verão, diz o matemático.
"Queremos que a sociedade abra e consiga recuperar a partir daí sem limites", concluiu.