O diretor do Departamento de Censos dos Estados Unidos, Steven Dillingham, anunciou esta segunda-feira que irá abandonar o cargo na quarta-feira, com a cessação de funções do presidente Trump, antecipando-se a pressões do partido democrata para o seu afastamento.
Dillingham anunciou a saída do Departamento (USCB, na sigla em inglês) depois de diversos congressistas democratas terem apelado publicamente à sua demissão por, numa altura em que decorre o apuramento dos dados dos Censos realizados em 2020, ter ordenado a entrega de dados sobre residentes ilegais com urgência, antes do termo da atual presidência.
O tratamento de dados pelo USCB foi interrompida após uma denúncia do Gabinete do Inspetor-Geral, agência federal de supervisão, de que funcionários estavam a ser pressionados para determinarem o número de residentes ilegais no país, através de dois elementos nomeados pela Presidência para o Departamento, Nathaniel Cogley e Benjamin Overholt.
Segundo o Inspetor-Geral, o prazo curto imposto por Dillingham aos estatísticos do Departamento punha em causa a fiabilidade dos dados.
Na nota divulgada esta segunda-feira, Dillingham afirma que as denúncias "parecem basear-se em mal-entendidos em relação ao processo planeado para a revisão e possível publicação de dados, e a necessidade acordada de aplicar padrões de qualidade".
Eleitoralmente, os dados dos Censos são utilizados para determinar o número de congressistas e de votos do colégio eleitoral a que cada Estado tem direito.
Com base nos mesmos dados, são ainda distribuídos pelos Estados fundos da Administração federal num montante de 1,5 biliões de dólares (1,24 biliões de euros).
A lei determina que a atribuição dos fundos e lugares no Congresso tem como base dados estatísticos, e não estimativas.
Atualmente, não existem dados confirmados sobre o número de residentes ilegais, nem está aprovado um modelo que permita aferir tais dados.
Reagindo à denúncia do Inspetor-Geral, a Associação Nacional de Funcionários Eleitos e Nomeados Latinos, dos Asiático-Americanos para o Avanço da Justiça e da Conferência de Liderança sobre Direitos Civis e Humanos, exigiram a demissão de Dillingham, argumentando que estaria a dar cumprimento a uma ordem presidencial por "objetivos partidários".
As nomeações de Cogley e Overholt no ano passado foram criticadas por estatísticos, académicos e legisladores do Partido Democrata, que recearam a politização do recenseamento populacional.
De acordo com as mesmas fontes, após o Supremo Tribunal dos Estados Unidos ter recusado uma questão sobre cidadania para o questionário do recenseamento de 2020, a Presidência terá instruído o Departamento de Censos a utilizar registos administrativos para descobrir imigrantes ilegais.
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