O ex-secretário de Estado do PS Vitalino Canas defendeu, esta terça-feira, que António Costas “tem todas as condições para continuar a ser primeiro-ministro e para resolver a situação”, mas para tal terá de avançar para mais uma remodelação de fundo do Executivo.
“Este Governo já tem um perfil junto da opinião pública de um Governo que falha, não creio que esteja em condições de ser reestruturado de forma simplista, meramente cirúrgica", afirmou, na SIC Notícias.
Para o antigo governante, é também evidente que o caminho da dissolução da Assembleia da República não agradaria a Marcelo Rebelo de Sousa, apesar da evidente tensão existente entre o Presidente da República e o primeiro-ministro.
“Acho que já há uma tensão há algum tempo [entre António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa], houve vários episódios que manifestaram a existência dessa tensão. Agora há aqui uma coisa que me parece também objetiva, é que estão condenados a entender-se porque não há solução sem ser o entendimento entre o Presidente da República e o primeiro-ministro”, destacou, alertando que "uma dissolução nesta altura seria uma coisa catastrófica.
Esse cenário exigiria eleições, que provocariam uma situação “parecida com a da Bélgica tradicional, que é a de não haver um governo óbvio, haver vários possíveis e não se conseguir um governo durante meses”.
Um Governo que Marcelo “manifestamente não quer”
A tudo isto teria de ser somado o facto “do Presidente da República ter de 'engolir', passo a expressão, um Governo que manifestamente não quer, que é um Governo PSD com Chega, ou um Governo PSD dependente do apoio do Chega na Assembleia da República”, conclui Vitalino Canas.