Em entrevista exclusiva à SIC, o secretário-geral da ONU disse esta sexta-feira sair da Ucrânia com esperança, mas ciente das “enormes dificuldades” que o mundo enfrenta. António Guterres lembra que as perspetivas de paz ainda não são claras e que há muita gente a sofrer com a guerra.
Entre alertas e palavras de esperança, avisou que são os países menos desenvolvidos e o povo ucraniano que mais sofrem com a guerra e apelou para uma “maior compreensão e ajuda” para facilitar as exportações de adubos russos. Isto porque, sem adubo, “não haverá alimentos suficientes em 2023”.
Saio [da Ucrânia] com esperança, mas consciências das enormes dificuldades que enfrentamos. As perspetivas de paz ainda não são claras
Questionado sobre o seu papel na mediação do conflito, reconheceu que “a coisa mais importante” que fez foi conseguir que dois países em guerra chegassem a um acordo para a exportação de cereais ucranianos e, simultaneamente, que a comunidade internacional facilite as exportações russas de adubos e alimentos.
Os países em desenvolvimento precisam vitalmente de uma exportação massiva de alimentos ucranianos e russos.
Ir àquele barco e ver o trigo entrar foi uma sensação inolvidável
Sobre a central nuclear de Zaporijia, Guterres relembrou que ambas as partes querem que a Agência Internacional de Energia Atómica visite o local, mas que a ONU não tem “qualquer interferência” na questão.
O que a ONU pode fazer é fornecer ajuda em matéria logística e de segurança para transportar a delegação
Ainda assim, diz que depende da Ucrânia e da Rússia a facilitação de uma solução e que é “um perigo para todos nós” ter uma central nuclear sujeita a bombardeamentos.