Morreu esta quinta-feira a rainha de Inglaterra, Isabel II, aos 96 anos. O anúncio da morte foi feito pela família real através de um comunicado publicado no site oficial.
Isabel II foi a monarca que serviu durante mais anos o Reino Unido. O seu reinado durou exatamente 70 anos, momento que foi assinalado em junho deste ano no Jubileu de Platina.
Com o anúncio da morte da rainha, o príncipe Carlos torna-se rei de imediato.
A partir de agora, o Reino Unido entra num período de 10 dias de luto nacional, no último dos quais se realizará o funeral de Estado de Isabel II. Entretanto, o corpo será transportado de Balmoral, na Escócia, para o Palácio de Buckingham, em Londres, onde ficará até ao funeral.
O comunicado de Buckingham:
“A rainha morreu tranquilamente esta tarde em Balmoral. O rei e a rainha consorte vão passar a noite em Balmoral e regressam a Londres amanhã.”
Os médicos de Isabel II tinham informado ao início da tarde desta quinta-feira que o estado de saúde da monarca se tinha agravado. Razão pela qual ao longo da tarde vários membros da família real britânica foram chegando à Escócia.
A notícia da morte da Rainha surpreendeu o mundo, já que na terça-feira a monarca recebeu a nova primeira-ministra, Liz Truss, no Castelo de Balmoral, mostrando-se bem disposta e sorridente.
A menina que não estava destinada ao trono
Desde que subiu ao trono, Isabel II tem sido um símbolo de estabilidade para o Reino Unido, mas a monarca não estava destinada a ser rainha. Foi uma reviravolta na história que fez com que se tornasse a primeira na linha de sucessão.
Tudo começou com a renúncia inesperada do tio. Ficava assim traçado o futuro de Isabel II. Eduardo VIII deixou o trono para casar com uma norte-americana e o lugar passou a ser ocupado pelo pai de Isabel II, que se tornou rainha quando este morreu.
Ao longo de sete décadas, a rainha visitou 132 países e cruzou-se com muitas figuras como o primeiro primeiro-ministro da Índia, Jawaharlal Nehru, imperador japonês Hirohito, o líder antiapartheid da África do Sul Nelson Mandela ou o primeiro presidente negro dos EUA, Barack Obama.
Apesar das crescentes pressões, conseguiu proteger a família real dos ataques aos privilégios herdados e tornou-se num pilar essencial de um país multicultural cada vez mais fraturado por divisões políticas, sociais e até regionais.
Os altos e baixos de um reinado de 70 anos
Apesar do respeito consensual que conquistou, o reinado teve também muitos altos e baixos.
O conto de fadas que foi o casamento em 1981 do herdeiro Carlos com Diana azedou rapidamente, apesar do nascimento dos dois filhos William e Harry.
Em 1992 declarou "annus horribilis" o período marcado pelo desmoronamento dos casamentos de três dos filhos, Carlos, Ana e André, e o devastador incêndio no castelo de Windsor, uma das residências oficiais.
Em 1997, Isabel II foi acusada de estar fora de sintonia com a população que chorou a morte de Diana num acidente de viação em Paris ao permanecer na propriedade rural na Escócia durante dias antes de regressar a Londres e agradecer pelas inúmeras flores e mensagens deixadas à porta do Palácio de Buckingham.
A reputação que construiu nos últimos anos de devoção sóbria permitiu também distanciar-se das polémicas causadas pelo príncipe Harry e esposa Meghan e pelos escândalos protagonizados pelo príncipe André.
Além dos quatro filhos - Carlos (agora rei), Ana, André e Eduardo - tem oito netos e 12 bisnetos.
O neto William, agora primeiro na linha de sucessão ao trono, resumiu a personalidade da soberana como uma pessoa "bondosa e com sentido de humor, um sentido inato de calma e visão e amor pela família".
Isabel II morreu na sua residência de Balmoral, na Escócia, junto dos membros mais próximos da família real britânica.