O esqueleto de uma criança de dois anos descoberto no sudoeste de França prova que os neandertais já enterravam os mortos em cerimónias fúnebres há 41 mil anos, afirma esta quarta-feira um estudo publicado por arqueólogos.
As ossadas foram encontradas em 1973 no conhecido local de escavação pré-histórica de Ferrassie, onde habitavam neandertais, e revela que os enterros não se iniciaram com a nossa espécie, Homo Sapiens.
O grupo de investigadores, liderado por Antoine Balzeau, do Centro Nacional de Investigação Científica de França (CNRS), e por Asier Gómez-Olivencia, da Universidade do País Basco, só recentemente encontrou o esqueleto no Musée de l'Homme, quase meio século depois.
Sem contextualização geológica, a caixa onde se encontrava continha também um isolado dente adulto, sem descrição, mas com um número.
A equipa de Balzeau reviu todo o material relacionado com esta caixa e o seu estudo encaminhou-os para 47 novos ossos humanos não identificados que afinal pertenciam à criança e se encontravam no Museu Nacional de Arqueologia de França, em Saint-Germain-en-Laye, na região de Paris.
Os investigadores foram a Ferrassie para desenvolver a sua pesquisa e lá descobriram que a camada sedimentar que estava ao mesmo nível da criança tem 60 mil anos.
"O que prova que o nível foi cavado para depositar o corpo e depois fechado", pois os restos mortais do bebé têm 41 mil anos, disse Balzeau à agência France-Presse.
"Está enraizado na nossa forma de pensar que o Sapiens era superior e, infelizmente, é muitas vezes por meio disso que estudamos a história, quando devemos começar pelo estudo dos dados arqueológicos", defende o paleoantropólogo.
A posição dos ossos, pouco dispersos entre si, e mais bem preservados que os ossos dos animais encontrados nas proximidades, indica um rápido enterro após a morte, concluem os especialistas, no trabalho publicado na revista científica "Scientific Reports".