Um grupo ‘hacktivista’ bielorrusso revelou na segunda-feira que lançou um ciberataque limitado à empresa ferroviária da Bielorrússia, com o objetivo de impedir o movimento de tropas e equipamento militar russo dentro do país, aliado de Moscovo.
Os Cyber Partisans, grupo ativista que realiza ciberataques, anunciaram que interromperam a venda ‘online’ de bilhetes e que atacaram alguns servidores e bancos de dados durante o ataque de segunda-feira.
O grupo assegurou ainda que está já a trabalhar para recuperar os serviços, visto que não pretende perturbar o serviço regular de passageiros.
A ferrovia nacional daquele país, a Belarusian Railways, indicou que os seus serviços na Internet estavam inacessíveis e as vendas de bilhetes ‘online’ foram interrompidas por “questões técnicas” não especificadas.
As autoridades do Estado não comentaram o ciberataque, noticia a agência AP.
Este grupo ‘hacktivista’ surgiu durante os protestos desencadeados pela reeleição para um sexto mandato do Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, em agosto de 2020, ato eleitoral que a oposição e países ocidentais consideram ter sido fraudulenta.
Lukashenko é um aliado próximo da Rússia, nação que tem tropas na Bielorrússia para exercícios militares de grande escala, num momento que coincide com a movimentação de mais de 100.000 forças russas junto da fronteira com a Ucrânia, cenário que os ocidentais temem ser o preparativo para uma invasão.
“A maioria dos comboios comerciais foram afetados”
“A maioria dos comboios comerciais [de carga] foram afetados”, apontou a porta-voz dos Cyber Partisans em Nova Iorque, Yuliana Shemetovets.
Os ativistas esperam que o ataque tenha “afetado indiretamente as tropas russas”, embora não tenham a certeza nesta fase.
Os Cyber Partisans invadiram a rede ferroviária da Bielorrússia pela primeira vez em dezembro e conseguiram aceder ao sistema de sinalização e controlo, mas decidiram não interferir neste, por questões de segurança, acrescentou Yuliana Shemetovets.
Os ‘hackers’ esperavam ainda afetar, com o ciberataque de segunda-feira, a carga com destino à China, de forma a causar danos políticos no regime de Lukashenko, que este grupo ativista pretende derrubar.
Através da rede social Twitter os ‘hacktivistas’ exigiram a libertação dos “50 presos políticos que estão a necessitar com urgência de assistência médica” e a retirada das tropas russas da Bielorrússia.
A Rússia é acusada pelo Ocidente de ter reunido dezenas de milhares de soldados nas fronteiras ucranianas em preparação para um ataque.
Moscovo nega qualquer plano nesse sentido e exige garantias para a sua segurança, incluindo a rejeição da adesão da Ucrânia à NATO, o fim do alargamento da Aliança e dos destacamentos militares para a Europa de Leste, reivindicações inaceitáveis para o Ocidente.