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Transferência de presos da ETA gera polémica em Espanha

Transferência de presos da ETA gera polémica em Espanha
Alvaro Barrientos

Primeiro-ministro espanhol é acusado de aprovar orçamentos com “sangue das vítimas”.

Treze presos do grupo terrorista ETA vão ser transferidos para cadeias do País Basco, em Espanha, entre eles, dois considerados dos "mais sanguinários" da organização, provocando críticas de associações de vítimas e trocas de acusações entre Governo e oposição.

A acusação que fazem ao Governo é que as sucessivas transferências de presos para o País Basco são "o preço" que o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, paga para os independentistas bascos da coligação EH Bildu lhe viabilizarem leis no Parlamento.

A Associação de Vítimas do Terrorismo sublinhou que vão ser transferidos neste grupo e ficar mais próximos das famílias alguns dos "mais sanguinários" terroristas da ETA, que nunca mostraram arrependimento nem colaboraram com a justiça.

Já a associação Dignidade e Justiça escreveu num comunicado que o Governo "trai as vítimas com a maior aproximação de presos sanguinários: 73 assassínios e mais de 8.000 anos de prisão".

“Está claro que Pedro Sánchez prefere aprovar os orçamentos gerais do Estado com o sangue das vítimas do que com os partidos democráticos”.

O presidente do PP, Alberto Nuñez Feijóo, disse que "não vale tudo na política nem para continuar a ser presidente [do Governo] " e que Sánchez anda a "aceitar a chantagem permanente" da coligação EH Bildu há quatro anos, desde que tomou posse com a viabilização dos votos dos deputados independentistas bascos.

A resposta do primeiro-ministro espanhol

Na resposta às críticas, Pedro Sánchez afirmou que o PP, quando governou Espanha sob liderança de José María Aznar (entre 1996 e 2004) transferiu centenas de presos da ETA numa altura em que o grupo, que anunciou a dissolução em 2018, ainda "matava e tinha pessoas sequestradas".

Sánchez acusou o PP de fazer uma "utilização espúria e sem qualquer tipo de vergonha" da política antiterrorista, "11 anos depois do desaparecimento da ETA e da paz".

O primeiro-ministro sublinhou que a transferência de presos para o País Basco enquadra-se na "legislação penitenciária", que não há redução de penas e que são "aproximações individuais", sob "escrutínio e controlo do poder judicial".

Quando tomou posse como primeiro-ministro, em 2018, Sánchez anunciou o fim da política de dispersão dos presos da ETA por prisões espanholas fora do País Basco, instituída em 1989 pelo Governo do também socialista Felipe González.

Segundo as associações de defesa das vítimas, restam 45 elementos do grupo basco em prisões de outros pontos de Espanha.