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Polónia critica homenagem da Ucrânia a figura polémica da II Guerra Mundial

Polónia critica homenagem da Ucrânia a figura polémica da II Guerra Mundial
Efrem Lukatsky/AP

Stepan Bandera é considerado um herói na Ucrânia, mas encarado como um genocida na Polónia.

O Governo polaco criticou, esta terça-feira, a recente homenagem das autoridades ucranianas a Stepan Bandera, um nome polémico da II Guerra Mundial considerado um herói na Ucrânia, mas encarado como um genocida na Polónia.

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, Arkadiusz Mularczyk, disse hoje, em Varsóvia, que "é inaceitável para a Polónia que [a Ucrânia] homenageie Stepan Bandera, o ideólogo dos nacionalistas ucranianos que assassinaram dezenas de milhares de polacos em Volinia".

Considerando que "as questões históricas são um elemento muito importante" das relações polaco-ucranianas, Mularczyk adiantou que, atualmente, a Polónia mostra que apoia a Ucrânia e isso deve ser correspondido.

"A Ucrânia deve respeitar a nossa atitude e, claro, estas questões devem-se refletir, de alguma forma, nas relações polaco-ucranianas", afirmou.

Várias instituições do Governo ucraniano, incluindo o parlamento, assinalaram, no domingo, o aniversário do nascimento de Bandera, que liderou o movimento nacionalista ucraniano durante a II Guerra Mundial responsável pelo assassinato de cerca de 100.000 civis não ucranianos em Volinia.

Na segunda-feira, o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, declarou-se "contra a relativização do crime em Volinia" e disse ter comunicado a sua "avaliação negativa" ao seu homólogo ucraniano, Denys Shmyhal, "bem como a todos aqueles que exaltam Bandera".

O primeiro-ministro polaco explicou que alguns membros da sua família tinham "memórias terríveis" daquela época e sublinhou que "houve um genocídio de entre 100.000 e 200.000 polacos por nacionalistas ucranianos nas zonas fronteiriças [da Ucrânia e da Polónia] na II Guerra Mundial".

Vamos "sempre lutar para manter a sua memória", garantiu Mateusz Morawiecki.

O chefe do Governo polaco adiantou ainda que irá reiterar a sua posição "muito, muito claramente" nas próximas conversas com Shmyhal, já que "não pode haver 'nuances'" nem "clemência para com aqueles que não querem admitir esse terrível genocídio e a sua culpa".

Mateusz Morawiecki lembrou que, em novembro de 2022, Kiev deu autorização para se reiniciar a exumação de corpos em valas comuns em algumas zonas do oeste da Ucrânia, mas que o país ainda está "à espera que o acordo se concretize".

Além do Governo, outros líderes políticos polacos condenaram a homenagem ucraniana a Bandera, como o líder do Partido Popular da Polónia, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, que pediu ao ministro dos Negócios Estrangeiros uma "forte reação" ao caso.

Em novembro, o Governo polaco expressou indignação pela nomeação de Andrei Melnyk como vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, já que, algumas semanas antes, o negou publicamente que Bandera tivesse tido qualquer responsabilidade no massacre de Volinia.

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