Num momento em que está em curso uma investigação, ordenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), contra o Governo do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro "por crimes de genocídio" de comunidades indígenas, a atriz Regina Duarte decidiu fazer uma publicação que está a gerar indignação.
A ex-ministra de Bolsonaro parece pôr em dúvida, nas redes sociais, as dificuldades que os indígenas da reserva Yanomami estão a atravessar e que já levaram o Governo de Lula a declarar “emergência sanitária”.
“A infância desamparada dos Yanonamis, uma gente criada à base de mandioca, feijão, verduras e peixe”, escreveu a atriz no Instagram.
Nos comentários, vários ex-colegas de Regina Duarte reagiram à publicação. “Sua postagem é cruel. Onde foi morar a Regina amorosa que conhecíamos? Que postagem é essa?”, escreveu a atriz Elisa Lucinda.
Também o ator Paulo Betti, que apoiou publicamente Lula da Silva nas eleições presidenciais e que já tinha criticado a atriz por outra publicação polémica, pediu respeito pelos indígenas.
“Regina sua atitude é inexplicável! Você é mãe e avó! Respeite a inteligência de quem lê suas postagens e te seguem! Respeite o povo Yanomami!”, comentou Betti.
Saliente-se que uma das primeiras decisões tomadas pelo Governo do Presidente Lula da Silva foi a de declarar "emergência sanitária" na reserva Yanomami, a maior do Brasil, com cerca de 27 mil indígenas em quase 10 milhões de hectares, devido à falta de assistência e abandono em questões de saúde e ao assédio de que foram alvo por mineradores ilegais que operam na Amazónia.
Vários e repetidos pedidos de ajuda apresentados ao Governo pelos indígenas desde 2019 terão sido ignorados. Enquanto isso muitos, incluindo crianças, sucumbiam à desnutrição e propagação da malária devido à contaminação dos rios pelo mercúrio utilizado pelos mineiros ilegais.
O Governo de Bolsonaro está, por isso, a ser investigado “por crimes de genocídio”. Segundo o comunicado do STF, a Procuradoria-Geral da República, o Ministério Público Militar, o Ministério da Justiça e Segurança Pública e a Superintendência Regional da Polícia Federal de Roraima vão apurar o possível envolvimento, e consequente responsabilidade, das autoridades do Governo Bolsonaro em ”crimes de genocídio, desobediência, quebra de segredo de justiça, e de delitos ambientais relacionados à vida, à saúde e à segurança de diversas comunidades indígenas".