Conflito Rússia-Ucrânia: líderes separatistas de Donetsk e Lugansk pedem ajuda militar à Rússia

Os media estatais russos notíciam que Moscovo está a socorrer áreas devastadas pela guerra e atormentadas pela agressão da Ucrânia, divergindo da versão apresentada pelos países do Ocidente que classificaram o envio de tropas pelo Kremlin como uma invasão.

Na segunda-feira, Vladimir Putin ordenou a mobilização do Exército russo para “manutenção da paz” nos territórios separatistas no leste da Ucrânia, que reconheceu como independentes.

Horas depois, apresentadores da TV russa saudaram o dia “histórico” e proclamaram o fim do sofrimento para os moradores das regiões separatistas.

“Vocês pagaram com o vosso sangue por esses oito anos de tormento e expetativa”, disse a ‘pivot’ Olga Skabeyeva, a moradores das áreas conhecidas como Donbass, no leste da Ucrânia, durante um popular programa de entrevistas políticas na manhã de terça-feira na TV estatal Russia, acrescentando que “a Rússia agora estará a defender Donbass”.

O comentador de Tv Vladimir Solovyev demonstrou sentimentos semelhantes no seu programa matinal na rádio estatal Vesti.FM, afirmando “vamos assegurar a sua segurança” e “agora é perigoso lutar com eles… porque agora teremos que lutar com o exército russo”

O Channel One, outra estação de TV popular financiada pelo Estado, adotou um tom mais festivo, com o seu correspondente em Donetsk a afirmar que os moradores locais “dizem que é a melhor notícia dos últimos anos de guerra” e que, “agora têm confiança no futuro e que a guerra de anos finalmente chegará ao fim”.

A intensidade renovada da violência na frente leste da Ucrânia, teatro desde há oito anos de uma guerra com os separatistas apoiados pela Rússia, faz o ocidente acreditar numa iminente invasão russa.

As violações do cessar-fogo continuaram na terça-feira no leste da Ucrânia, um dia depois da Rússia ter reconhecido a independência das regiões de Lugansk e Donetsk, onde separatistas pró-russos enfrentam o governo ucraniano desde 2014, informou hoje a OSCE.

Na quarta-feira, nas duas províncias, registaram-se 1.710 violações do cessar-fogo que está em vigor há sete anos, mas que nunca foi totalmente cumprido, incluído 1.420 explosões, adiantou a missão de observação da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

No dia anterior, foram registadas 1.927 violações do cessar-fogo e 1.481 explosões.

Estes números representam uma estabilização do número de incidentes documentados após vários dias em que a OSCE relatou um aumento progressivo da violência, mas ainda estão acima da média da semana passada e são quatro vezes superiores à média do que está a acontecer.

Os monitores do OSCE relataram o uso de múltiplos sistemas de lançamento de foguetes, metralhadoras pesada e armas pequenas.

Os Estados Unidos criticaram esta quarta-feira o “teatro diplomático” da Rússia, embora tenham insistido na sua disposição de retomar as negociações se Moscovo mostrar “seriedade”, quando sobem de tom as tensões sobre o “início” de uma invasão no leste ucraniano.

A crítica dos norte-americanos surgiu numa conferência de imprensa do porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, um dia depois de o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, ter cancelado a reunião, marcada para quinta-feira em Genebra (Suíça), com o seu homólogo russo, Sergey Lavrov.

“Este foi, de certa forma, um teatro diplomático por parte dos russos, que fizeram declarações de compromisso com uma via diplomática, enquanto as ações sugeriam exatamente o contrário”, disse Ned Price.

O porta-voz dos Estados Unidos enfatizou que Washington continua “aberto à diplomacia”, mas “apenas se Moscovo for sério”.

O serviços de segurança da Ucrânia divulgaram, esta quarta-feira, conversas telefónicas intersetadas entre separatistas pró-russos.

Iryna Shev, enviada especial da SIC na Ucrânia, destaca três aspetos destas conversas, onde os separatistas admitem atacar civis.

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, alertou para “campanhas de desinformação do Kremlin”.

Numa publicação no Twitter, o responsável salienta que a Ucrânia”não está a cometer genocídio”, “ataques contra Donetsk ou Lugansk” ou “realizar ataques terroristas”.

Beware of the following Kremlin disinformation campaigns seeking to justify military action – no evidence supports any of these false claims.
🚩: Ukraine is NOT committing genocide
🚩: Ukraine is NOT attacking Donetsk or Luhansk
🚩: Ukraine is NOT conducting terrorist attacks

— Ned Price (@StateDeptSpox) February 24, 2022

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, alerta para uma “grande guerra” na Europa e diz que há cerca de 200 mil soldados russos na fronteira. Adianta ainda que a Rússia aprovou uma ofensiva contra a Ucrânia.

Num discurso de 10 minutos à Nação, refere que o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, não respondeu ao seu convite para uma reunião e rejeita que a Ucrânia represente uma ameaça para a Rússia:

“O povo e o Governo da Rússia querem paz”, afirma.

No entanto, o responsável garante que a Ucrânia “vai lutar de volta”, se os russos tentarem tirar “a terra, a liberdade e vidas”.

A Rússia concentrou “quase 200.000 soldados” na fronteira ucraniana, diz o Presidente ucraniano.

“Quase 200.000 soldados e milhares de veículos de combate estão posicionados” na fronteira, declara Zelensky.

Dirigindo-se ao povo russo na língua russa, Volodymyr Zelensky diz que a probabilidade de haver uma guerra com a Ucrânia “depende” da Rússia.

Pediu ao povo que não acredite nas narrativas sobre a Ucrânia apresentadas na televisão estatal russa. E deixou um alerta: uma invasão da Rússia pode criar uma “crise catastrófica” e uma “grande guerra na Europa”.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, manifestou quarta-feira ao chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, a disponibilidade dos Estados Unidos de imporem “sanções adicionais poderosas” à Rússia, caso esta avance com uma invasão da Ucrânia.

Os dois diplomatas mantiveram uma conversa telefónica na qual voltaram a insistir no “forte apoio à soberania da Ucrânia” e na “importância de manter uma união transatlântica perante a agressão russa”, refere o comunicado divulgado pelo Departamento de Estado norte-americano.

Face ao receio do Ocidente de uma invasão russa à Ucrânia, Antony Blinken reafirmou a “prontidão dos Estados Unidos, em coordenação com a União Europeia (UE) e outros parceiros, em impor sanções adicionais poderosas e medidas económicas” a Moscovo, caso o ataque se concretize.

Pelo menos cinco explosões foram ouvidas na cidade de Donetsk, no leste da Ucrânia, controlada pelos separatistas, disse uma testemunha da Reuters.

Após as explosões, foram vistos quatro veículos militares a dirigirem-se para o local.

Os meios de comunicação ucranianos estão a adiantar que pelo menos seis sites governamentais estão em baixo devido a um alegado ataque informático.  

“O ciberataque também atingiu os sites dos ministérios das Infraestruturas, Indústrias Estratégicas e Educação”, escreve o jornal Kyiv Independent. 

De acordo com a publicação, estão em baixo os sites do gabinete de ministros, dos ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Agricultura, assim como do serviço de segurança.  

⚡️Another cyber attack hits Ukrainian government websites.

The websites of the Cabinet of Ministers, foreign and agricultural ministries, the Security Service are down. pic.twitter.com/g6qXyK2x5j

— The Kyiv Independent (@KyivIndependent) February 24, 2022

O Conselho de Segurança das Nações Unidas vai realizar uma reunião de emergência esta madrugada.

O objetivo é para discutir a iminente invasão da Rússia à Ucrânia.

Nas últimas horas, os líderes separatistas de Donetsk e Lugansk pediram ajuda militar a Moscovo para “repelir a agressão militar do regime ucraniano”.

Tonight at 9:30p the Security Council will meet on Ukraine. Watch live: https://t.co/jNd8Tq1laf pic.twitter.com/NVFAvVe0tO

— UN Spokesperson (@UN_Spokesperson) February 24, 2022

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, tentou marcar uma reunião com o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, mas “sem sucesso”.

A tentativa de conversações aconteceu depois de a Rússia aprovar uma ofensiva contra a Ucrânia.

O responsável ucraniano referiu ainda que há quase 200 mil soldados russos junto à fronteira com a Ucrânia.

A embaixadora norte-americana nas Nações Unidas afirmou esta quarta-feira que cerca de cinco milhões de pessoas poderão ser forçadas a sair de suas casas caso a Rússia “continue neste caminho” de “guerra”, criando uma nova crise de refugiados.

Num debate da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a situação dos “territórios ucranianos temporariamente ocupados”, a embaixadora Linda Thomas-Greenfield declarou que pode estar em causa uma das maiores crises de refugiados da atualidade.

“Se a Rússia continuar nesse caminho, pode – de acordo com as nossas estimativas – criar uma nova crise de refugiados, uma das maiores crises que o mundo enfrenta hoje, com até cinco milhões de pessoas deslocadas pela guerra escolhida pela Rússia e pressionando os vizinhos da Ucrânia”, disse Linda Thomas-Greenfield.

A Ucrânia fechou, esta quarta-feira à noite, quatro aeroportos.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse esta quarta-feira que a Rússia evacuou uma fábrica de produtos químicos Titan, na Crimeia.

Worrying reports from Crimea on the entire night shift of Titan chemicals plant in Armyansk evacuated from the facility. This might be a preparation for another staged provocation by Russia. Moscow seems to have no limits in attempts to falsify pretexts for further aggression.

— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) February 23, 2022

A fábrica localiza-se em Armyansk, na parte norte da península ucraniana, anexada pela Rússia em 2014, a cerca de 2 quilómetros do território sob controlo ucraniano.

Tanques e veículos blindados russos foram vistos em Armyansk nos últimos dias, contou um morador da Crimeia à agência Reuters.

“Há muito equipamento militar”, disse o morador.

O ministro ucraniano diz que a evacuação é, possivelmente, uma “provocação” encenada pela Rússia.

A Ucrânia exigiu, esta quarta-feira, uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU, adiantou o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, no Twitter.

Ukraine has requested an urgent meeting of the UN Security Council due to the appeal by Russian occupation administrations in Donetsk and Luhansk to Russia with a request to provide them with military assistance, which is a further escalation of the security situation.

— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) February 23, 2022