A Ucrânia e a Moldávia foram convidados para participar na reunião dos chefes da diplomacia dos G7, que começou na quinta-feira e se prolonga até sábado. O encontro acontece na cidade alemã de Schloss Weissenhaus. Entretanto a Turquia manifestou-se contra a adesão da Finlândia e da Suécia à NATO. Nuno Rogeiro e José Milhazes analisam os novos desenvolvimentos do conflito e partilham história de uma guerra que já dura há mais de dois meses.
Rogeiro começa por falar da “reunião do ‘G9’”, ou seja o G7 mais os dois países convidados. O comentador da SIC destaca as promessas feitas pela União Europeia para apoiar a Ucrânia: “Cerca de 500 milhões [de euros] em armas da UE e cerca de 30 mil milhões até ao fim do ano – embora esses ainda não estejam garantidos – para que a Ucrânia possa funcionar regularmente.”
“São quantias absolutamente astronómicas e, para mim, o grande problema é saber se não vamos entrar numa espiral em que a Ucrânia fica cada vez mais dependente de dinheiro alheio. Isso não é maneira de um país funcionar”, afirma.
Sobre a adesão da Finlândia e da Suécia à NATO, Rogeiro sublinha a explicação dada pela Turquia para ser contra a junção dos países bálticos ao Tratado do Atlântico: “o grande problema é que a Finlândia e a Suécia dão guarida a um grupo que os turcos acham que é um grupo terrorista – não só os turcos, mas outros países – que é o PKK, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão”, explica Rogeiro
“Sabemos que o Pentágono terá dito que já há conversações ativas com a Turquia para que eles mudem de posição. Mas quem vai ter de decidir sobre este assunto é a Finlândia e a suécia, não é propriamente nem os EUA nem a Turquia”, remata.
Já José Milhazes destaca a mudança de posição da Rússia sobre as exigências feitas à Ucrânia:
“Lavrov veio reforçar que a exigência da Rússia de que a Ucrânia não possa, não só entrar na NATO, mas também na UE. Porque, segundo o ministro russo, se trata de uma união agressiva e militarista. Ou seja, mais uma exigência inaceitável para a Ucrânia que certamente não irá ajudar ao fim da guerra”, afirma o comentador.
Além dessa declaração, Milhazes destaca o momento caricato em que um conjunto de pavões interrompeu uma conferência de imprensa do ministro dos Negócios Estrangeiros russos. Ao início, “Lavrov considerou que os gritos dos pavões era um sinal de que estavam de acordo com ele”, no entanto, no final quando foi questionado pela televisão da oposição russa mandou o jornalista ir “conversar com os pavões”.
Também Rogeiro apresenta um vídeo dos conflitos que se vivem diariamente no complexo industrial de Azovstal. Este vídeo terá sido filmado da perspetiva da câmara do capacete de um soldado ucraniano e mostra uma situação de confrontos com as forças russas. Para o comentador “parece uma guerra de sombras”.
“Isto é uma emboscada: os ucranianos saíram dos túneis – os russos dizem como ratos – e atacaram as forças russas que tentavam progredir. Estamos aqui perante uma guerra perfeitamente atípica que faz lembrar muitos romances de ficção científica ou ficção apocalíptica, mas que é o dia a dia em Azovstal”, afirma Rogeiro, lembrando que estes soldados “são especialistas na guerrilha urbana”.
CONFLITO RÚSSIA-UCRÂNIA
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