O Presidente da Ucrânia confirma que prosseguem difíceis negociações para retirar feridos graves do complexo de Azovstal em Mariupol.
“Estamos a falar de um grande número de pessoas. Claro que estamos a fazer de tudo para retirar todos, cada um dos nossos defensores. Já chamamos todos aqueles que podem ser considerados os mediadores mais influentes do mundo”, apontou o chefe de Estado ucraniano.
Zelensky fazia referência à intervenção do secretário-geral da ONU, António Guterres, que permitiu retirar do complexo industrial centenas de civis.
Zelensky elogia ucranianos mas alerta que ninguém pode prever fim da guerra
Volodymyr Zelensky lembrou que, embora os ucranianos estejam a fazer todos os possíveis para derrotar a Rússia, ninguém “pode prever quanto tempo a guerra vai durar”.
“[O final] dependerá, infelizmente, não apenas do nosso povo, que já está a dar o máximo”, salientou o chefe de Estado ucraniano, durante o discurso diário em vídeo, dirigido à nação.
O ministro ucraniano da Defesa também referiu esta sexta-feira que a guerra contra a Rússia não tem um fim rápido à vista, considerando que as armas fornecidas pelos ocidentais demorarão a virar o conflito a favor da Ucrânia.
Por outro lado, o chefe dos serviços ucranianos de informações militares disse hoje, em entrevista à Sky News, que acredita na evolução favorável da guerra contra a Rússia, que levará a um ponto de viragem em meados de agosto e ao seu final, até ao fim do ano.
Zelensky voltou a frisar que o curso da guerra depende também “dos aliados, dos países europeus e de todo o mundo livre”.
Apesar de agradecer a todos os que estão a trabalhar para fortalecer as sanções contra a Rússia e aumentar o apoio militar e financeiro à Ucrânia, Zelensky reforçou que esta “é a única receita para proteger a liberdade diante a invasão russa”.
“E, para os países ocidentais, isso não é simplesmente uma despesa. Não se trata de uma contabilidade, é acerca do futuro”, acrescentou.
As forças ucranianas retomaram cidades e vilas que tinham sido conquistadas pelas tropas russas, estando agora a decorrer trabalhos para restaurar a eletricidade, a água canalizada, comunicações e serviços sociais, assegurou.
O Presidente da Ucrânia revelou ainda que as forças ucranianas derrubaram esta sexta-feira o 200.º avião de guerra, russo, salientando as “perdas pesadas” que Moscovo já sofreu em tanques, veículos blindados, helicópteros e ‘drones’.
“E para quê? Para que a estátua de Lenine possa ficar um pouco mais em Genichesk, temporariamente ocupada? Não há e não pode haver outro resultado para a Rússia”, assegurou.
Em abril, as forças russas restauraram a estátua de Lenin em Genichesk, uma cidade na região sul de Kherson, no sudeste da Ucrânia.
Guerra começou há mais de dois meses
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de seis milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
ESPECIAL CONFLITO RÚSSIA-UCRÂNIA
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