O governo talibã tem “o direito de deter e colocar na prisão os opositores”, incluindo mulheres que se manifestam “sem autorização”, afirmou um porta-voz, apesar de se distanciar do desaparecimento recente de duas ativistas feministas.
Desde que assumiram o poder em agosto, as autoridades talibãs têm vindo a dispersar manifestações da oposição, a espancar jornalistas e a deter críticos do regime.
Duas mulheres sequestradas
Esta semana, duas mulheres foram sequestradas dias após terem participado numa manifestação em Cabul, segundo defensores dos direitos das mulheres.
A missão de assistência das Nações Unidas no Afeganistão pediu hoje aos talibãs para darem informações sobre o destino das desaparecidas, Tamana Zaryabi Paryani e Parwana Ibrahimkhel.
Em declarações à AFP, o porta-voz do governo, Zabihullah Mujahid, negou que tenham sido presas.
No entanto, o governo tem o direito de “deter e colocar na prisão os opositores ou os que violem a lei”, precisou, acrescentando que “ninguém deve criar perturbações, dado que isso prejudica a ordem pública e a paz”.
Manifestações pelos direitos das mulheres
Grupos de ativistas organizam regularmente pequenas manifestações na capital para exigirem respeito pelos direitos das mulheres.
Manifestam-se “sem autorização”, acusou Mujahid. “Se isso acontecesse noutro país, pessoas como elas seriam detidas”.
“No nosso país também, serão presas e confrontadas com as suas responsabilidades. Não autorizamos atividades ilegais”, acrescentou o mesmo porta-voz que é também vice-ministro da Informação e da Cultura.
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