O Santuário de Fátima sem peregrinos a 13 de maio foi uma situação inédita. Também na Páscoa, as portas ficaram fechadas por causa da pandemia de Covid-19. E isso refletiu-se nas contas da instituição.
Aos atuais 308 trabalhadores do Santuário de Fátima, foi comunicada necessidade de se reduzir custos, que se traduzem em empregos. Mas já desde maio que o número tem vindo a descer, nessa altura eram cerca de 350.
O Santuário justifica assim a decisão com a falta de peregrinos.
"O Santuário vive da esmola dos peregrinos"
O teólogo Henrique Pinto esteve esta quarta-feira na Edição da Noite da SIC Notícias para comentar a decisão anunciada pela Igreja. Para Henrique Pinto, o que está a acontecer era previsível uma vez que, atualmente, o Santuário vive muito de quem o visita. "O Santuário vive da esmola dos peregrinos. E isso não devia acontecer nunca", frisou o teólogo.
Para Francisco defende que a pandemia devia incentivar a estilos de via mais simples
O Papa Francisco defendeu esta terça-feira que a pandemia de Covid-19 mostrou como a Terra pode recuperar "se permitirmos que descanse" e deve incentivar as pessoas a adotarem estilos de vida mais simples para ajudar o planeta.
O pontífice exortou as pessoas a aproveitarem a oportunidade para examinar hábitos de uso de energia, consumo, transporte e dieta.
Até agora, "a procura constante pelo crescimento e um ciclo infinito de produção e consumo estão a esgotar o mundo natural", disse.
Francisco saudou as comunidades indígenas que "vivem em harmonia com a terra e suas múltiplas formas de vida''.
"Fátima precisa ser reestruturada à luz do evangelho"
Henrique Pinto recorreu às palavras do Papa para aconselhar a Igreja a fazer o mesmo. Considera que Fátima está a precisar de ser reestruturada à luz do evangelho que "sempre pediu uma vida simples, pacata e sóbria".
"Fátima terá de repensar a sua estrutura. E terá certamente de o fazer à luz do evangelho que certamente não tem nada a ver com a economia da procura e da oferta", sublinhou.
"Enchente no 13 de outubro não vai existir"
Todos os anos, milhares de fiéis rumam a Fátima no dia 13 de outubro, dia que assinala uma das aparições de Nossa Senhora. Este ano, por causa da pandemia, tal pode não acontecer.
O teólogo Henrique Pinto diz mesmo que a habitual "enchente do 13 de outubro" não vai existir.