Passam esta quinta-feira três anos do fogo que, em 2017, matou 50 pessoas e feriu mais 70 na região centro do país. O Movimento Associativo de Apoio às Vítimas do Incêndio de Midões queixa-se que os apoios nunca chegaram aos lesados, que se sentem abandonados.
De acordo com o movimento, milhares de agricultores nunca receberam ajudas e que centenas de empresas, sobretudo na área florestal não receberam quaisquer apoio, levando muitas famílias a ficarem sem trabalho.
Os incêndios destruíram 500 empresas, 1.500 casas, explorações agrícolar e consumiram perto de 290 mil hectares de floresta.
O fogo deflagrou na manhã de 15 de outubro, no concelho da Lousã, e alastrou depois aos concelhos de Vila Nova de Poiares e Penacova. Chegou a afetar 38 concelhos de centro.
A história de Luís e de Francisco
Em Vila Chã, município de Tábua, o lesado Luís Alexandre Cruz, desempregado, de 56 anos, vive atualmente numa casa emprestada.
O dono do edifício chegou a fazer uma greve de fome, quando foi excluído dos apoios, na sequência de um parecer com que a Câmara local "não considerou ser uma habitação permanente", segundo o próprio.
"Eu tenho um atestado da Junta [de Freguesia de Vila Nova de Oliveirinha e Covas] a informar que eu vivia aqui", à data do incêndio, disse Luís Alexandre à Lusa.
Francisco Abranches Almeida, de 32 anos, viveu uma situação bem diferente.
Antes do fogo que destruiu o solar da família, trabalhava em Lisboa, como carteiro, e já tinha decidido instalar-se em Midões com a companheira.
Em novembro de 2017, mudou-se para a localidade, passando a morar num anexo que resistiu às chamas.
"Só saio daqui quando a casa principal estiver toda de pé", declarou o jovem jurista à Lusa.