O Ministério Público está a investigar um homem que terá tentado extorquir quase 4 milhões de euros a vários arguidos em processos mediáticos. O alegado burlão prometia influenciar as investigações em curso em troca de eventuais subornos a procuradores e juízes.
Apresentou-se como investigador e dizia ter em mãos um plano secreto encomendado por Rosário Teixeira, procurador do DCIAP, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal, que concentra os mais complexos processos em Portugal, onde figuram vários rostos conhecidos da política ao futebol.
Segundo a revista Sábado, Marcelo Tavares, como se dizia chamar, cabo-verdiano com passaporte de Angola, alto e bem vestido conseguiu, por exemplo, chegar a Florêncio de Almeida.
O chamado Rei dos Táxis, investigado por ligações ao ex-banqueiro João Rendeiro, agora detido na África do Sul, reuniu com o alegado burlão na própria sede da ANTRAL em Lisboa.
Marcelo Tavares terá exigido 400 mil euros para dar novo rumo mais favorável à investigação. Dizia que o dinheiro seria para um dos procuradores, que participava na investigação e cujo nome poucas pessoas conheciam: Pedro Roque.
Florêncio de Almeida participou de imediato a tentativa de extorsão à Polícia Judiciária, que acabou por deter o alegado burlão que, após ser presente a tribunal, ficou obrigado a apresentações periódicas às autoridades.
O que a justiça nunca desconfiou é que o mesmo homem, poucos dias depois, voltasse a praticar novos crimes idênticos.
Em poucas semanas, terá tentado extorquir quase 4 milhões de euros a outros dois arguidos. Por exemplo, a José António Santos, empresário que detém 16 % da SAD do Benfica, e ainda o agente de futebolistas Bruno Macedo, envolvido nos processos Cartão Vermelho, Prolongamento e Fora de Jogo.