"Precisamos de um bom político e na situação atual, onde o diálogo com as profissões é muito importante e muito difícil, uma pessoa próxima da profissão e da saúde era uma vantagem."
É assim que Constantino Sakellarides, antigo diretor-geral da Saúde, traça o perfil de um futuro ministro da Saúde. Acredita que é de “é de longe” cargo mais difícil dentro de um Governo por uma simples razão: “o Ministério da Saúde governa um mundo de serviços de saúde altamente sensíveis, altamente no olhar do público e altamente sensível no sentido de serem responsáveis”. E o ministro tem de “ser capaz de criar a orquestra" de que o país precisa.
É o chefe de uma orquestra muito complexa, muito difícil e muito necessária que funcione com as maiores competências possíveis.
Sakellarides diz que por natureza não é um comentador político, mas parece-lhe “prudente” que “uma demissão não seja aceite sem haver a designação do sucessor, que não se crie este vazio”.
Este vazio, neste momento, é pouco aconselhável. (…) São 15 dias de vazio, de facto, em que não há ministro na plena posse das suas faculdades.
O antigo diretor-geral da Saúde considera que o que é saudável “é uma vez que há um pedido de demissão, essa demissão não ser aceite até ao momento em que haja uma pessoa para substituir o ministro demitido”.
Ainda assim reconhece que “o ato de coragem é a pessoa sair quando deve sair”. A situação, “por um conjunto de circunstâncias”, fez com que o mandato da ministra da Saúde fosse limitado e difícil. “Justa ou injustamente, cai em cima do ministro da Saúde a história toda do que se passa no Ministério, mesmo que as raízes tenham 20 ou 30 anos.”
Sakellarides acrescenta ainda que a pandemia de covid-19 causou um desgaste no Ministério da Saúde e o que se assistiu esta terça-feira é também resultado desse tempo.