O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) considerou, esta segunda-feira, em Fátima, que “num mundo que se quer próspero, não pode haver lugar para bolsas de miséria”.
Na abertura do encontro da Pastoral Social, que decorre até quarta-feira, subordinado ao tema “A pandemia, a guerra e os pobres”, José Ornelas, também bispo de Leiria-Fátima, abordou o impacto da pandemia de covid-19 e da guerra na Ucrânia, que “aprofundou o fosso entre quem tem e quem não tem”.
“As suas consequências estão a cair dramaticamente, sobre o mundo todo”, afirmou, citado pela agência Ecclesia, no Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, alertando para a necessidade de uma “nova perceção” da necessidade de uma organização coletiva para fazer o bem, indo além das respostas espontâneas a emergências.
“Nós precisamos de trabalhar mais em rede”, sublinhou, segundo a Ecclesia.
Já o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana (CEPSMH), José Traquina, reconheceu que a crise económica afeta sobretudo “as pessoas com menos rendimentos”.
“Já estamos a viver as consequências da guerra, com grande impacto na vida das famílias e das Instituições Sociais”, disse o também bispo de Santarém, segundo o qual a subida da inflação levou já a um aumento no número de pedidos de apoio às Cáritas Diocesanas e aos serviços paroquiais.
Para José Traquina, “é preciso reconhecer que uma sociedade desenvolvida e justa tem de incluir todos”.
34.ª Encontro da Pastoral Social
O 34.º Encontro da Pastoral Social é promovido pelo Secretariado Nacional da Pastoral Social e pela Comissão Nacional da Pastoral da Saúde, com os trabalhos a prolongarem-se até quarta-feira.
A pandemia, a guerra e os pobres são os três eixos que seguem os trabalhos, numa altura marcada pela guerra na Ucrânia e com os efeitos da pandemia de covid-19 ainda a fazerem-se sentir.
O encontro, segundo o padre José Manuel Pereira de Almeida, diretor do Secretariado Nacional da Pastoral Social, é realizado na continuação das recentes Jornadas Sociais Europeias 2022, que decorreram em junho em Bratislava, na Eslováquia, e que foram consideradas um “verdadeiro processo de sinodalidade” pelo cardeal Jean-Claude Hollerich, arcebispo do Luxemburgo e presidente da COMECE - Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia.
“Linhas de Pobreza e exclusão em Portugal”, “O que faz uma fronteira” e “Para uma hermenêutica do social a partir da experiência cristã” são alguns dos temas em debate.