A polícia deteve um suspeito de matar duas mulheres no Algarve, mas o tribunal libertou-o logo a seguir por falta de provas. Foi detido de novo à saída do tribunal por suspeita de tráfico de droga e acabou por ficar em prisão preventiva.
É o mesmo homem que há cinco anos foi condenado a 12 anos de cadeia num outro caso de homicídio mas um recurso anulou a sentença.
As mortes violentas de Sandra e Josiele
Vários meses de investigação permitiram à Polícia Judiciária concluir que Sandra Duarte e Josiele Fontes foram assassinadas pela mesma pessoa.
Sandra Duarte foi localizada dentro de uma mala no meio do campo, em Almancil, com sinais de grande violência. Era motorista de TVDE e estava desaparecida desde o verão.
Josiele Fontes, de 25 anos, era procurada há dois meses. A família no Brasil e os amigos alertaram as autoridades. Foi agora encontrada queimada numa zona de mato, no Alentejo.
O elo que liga os dois homicídios
Realizadas as perícias, a Judiciária identificou vestígios que ligam o duplo-homicídio ao mesmo autor: um predador sexual, de 26 anos, que terá violado as duas vítimas, escolhidas de forma aleatória, antes de as matar.
Foi detido esta quarta-feira, na zona de Benfica, em Lisboa, e já presente à Justiça, mas acabou por sair em liberdade apenas com a medida de coação mais branda. O tribunal de Faro considerou que a prova produzida era frágil e, tal como defendeu o próprio Ministério Público, não permitia manter o suspeito em prisão preventiva.
Viria, no entanto, a ser detido logo a seguir, num processo relacionado com tráfico de droga.
Antecedentes criminais: condenado em 2018 por homicídio
Em 2018 já tinha estado na cadeia de Olhão, condenado a 12 anos pela morte de outra mulher, em circunstâncias idênticas.
A autópsia realizada a Tatiana Mestre, de 29 anos, confirmou que foi asfixiada e assassinada com violência, antes de ser queimada. Os relatórios periciais identificaram vestígios de ADN do suspeito nas unhas da vítima, na vagina, nas pontas de cigarros, nos cabos áudio usados para a prender e nas roupas.
Um crime que sempre negou em tribunal. Inconformado, recorreu para a Relação de Évora, apontando à decisão de primeira instância "gritantes contradições", "erros" e "insuficiência de prova".
Admitiu, no entanto, que mantinha um relacionamento íntimo com a vítima, de quem se dizia amigo, mas garantiu que não esteve com ela no dia do crime.
A dúvida ficou plantada na cabeça dos desembargadores de Évora. No acórdão, criticaram a decisão de primeira instância, por só ter valorizado uma parte dos vestígios biológicos.
A Relação absolveu o suspeito dos crimes de homicídio e profanação de cadáver. O homem viria a pedir ao Estado uma indemnização por prisão preventiva ilegal, mas perdeu a ação.