José Manuel é o zelador da igreja de Santa Clara. Tem a chave da casa e os olhos treinados para um espaço que conhece desde a juventude, altura em que "trocava" uma missa por um jogo de futebol.
Neste espaço continua a celebrar-se a eucaristia todos os fins de semana, mas agora já sem ninguém atrás das grades. O real mosteiro de Santa Clara recua até 1318. Foi fundado para receber filhas da nobreza portuguesa que por algum motivo teriam caído em desgraça ou não tivessem recursos económicos. Ficavam em clausura no real mosteiro de Santa Clara.
Nas missas as grades estariam tapadas com cortinas para as clarissas não serem vistas sequer pela população e a esta janela que hoje José Manuel abre servia apenas para a comunhão
Deste real mosteiro do século XIV restam apenas hoje a igreja e o claustro. O edifício à frente é construído mais tarde no século XVIII.
No final do mês passado foi assinado um protocolo de cooperação para obras de recuperação e restauro da igreja entre a autarquia de Vila do conde e a Direção regional de cultura do norte.
Depois a ideia a preparar-se um candidatura a fundos comunitários do Norte 2030 para a intervenção de fundo.
Um mosteiro com uma importância grande na comunidade de Vila do Conde que durante séculos gerava um sentimento também de amor ódio. Exemplo disso foi também a construção do aqueduto para uso exclusivo das clarissas.
A construção da ponte que ligava a Azurara também foi também durante anos adiada pelo poder e influência das clarissas.
Hoje este espaço é muito acarinhado e procurado pela população principalmente para casamentos e a a entrega de ovos a Santa Clara não segue muitas regras mas continua a não falhar.
O panteão dos fundadores, onde estão D. Afonso Sanches e D. Teresa Martins, o órgão de tubos ou os tectos em madeira são outros dos pormenores deste monumento nacional classificado em 1910.