Mauro Paulinho, psicólogo forense, esteve no Jornal da Noite a analisar o caso do jovem que planeava atacar a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, esta sexta-feira. O especialista alerta para a violência virtual e considera que o perfil nas redes sociais dá-nos “cada vez mais informação” sobre as pessoas.
“Era importante que, neste processo, quem esta a liderar a investigação utilizasse aquilo que o nosso código de processo penal permite, que é uma perícia sobre a personalidade. Iria permitir perceber o seu grau de socialização, as suas características psíquicas, quais são os critérios de perigosidade que passaram despercebidos e que culminaram nesta circunstância”, defende o especialista.
Violência virtual: o alerta
Em direto no Jornal da Noite, Mauro Paulinho salienta que a violência virtual “ativa as mesmas zonas cerebrais associadas à violência real”:
“É expectável que, com uma estimulação continuada dessa violência virtual haja maior propensão para a violência”.
Para prevenir casos futuros, o psicólogo alerta para análise a evidências comportamentais, como o isolamento e a tendência para procurar conteúdos agressivos, por exemplo, em jogos.
“Sabemos que há experiências adversas do passado que são como marcadores de vulnerabilidade. Tornam estes indivíduos mais propensos a procurar determinado tipo de conteúdos, a desenvolver um padrão de personalidade que pode ser mais rígido, inflexível”, esclarece.
O perfil virtual dá cada vez mais informação sobre a pessoa, sugere Mauro Paulinho.
“Os conteúdos pesquisados são muito mais reveladores sobre a pessoa”, acrescenta.
O psicólogo forense alerta ainda para dois grupos: as pessoas no início da idade adulta, em que há mais tendência para quadros psicóticos, e pessoas com traços mais narcísico e com falta de empatia.
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