O ministro português dos Negócios Estrangeiros disse este sábado que Portugal leva “muito a sério” as sanções da União Europeia (UE) a oligarcas russos, confirmando o congelamento de uma moradia de Roman Abramovich no Algarve, sem conhecimento de outros bens para já.
“As sanções são tomadas muito a sério por Portugal e qualquer indivíduo sancionado que se julgue ter propriedades ou bens em Portugal será sempre investigado e, confirmando-se, os bens serão congelados”, disse João Gomes Cravinho.
“Neste caso, temos a convicção forte, que ainda não é a confirmação plena, de que [a propriedade] pertence a Roman Abramovich e está congelada, o que significa que não pode ser vendida, hipotecada ou arrendada para qualquer tipo de proveito financeiro“, explicou João Gomes Cravinho, embora realçando “as dificuldades” em descobrir a propriedade de certos imóveis por estarem em nomes de empresas detidas por outras.
Questionado se outros imóveis deste oligarca russo com ligações ao Presidente russo, Vladimir Putin, foram já congelados em Portugal, João Gomes Cravinho adiantou: “Nós não temos conhecimento, neste momento, de outros bens”.
Abramovich tentou vender moradia duas semanas antes da guerra
O jornal Público noticia este sábado que o Estado português congelou, em março passado, uma moradia de Roman Abramovich avaliada em 10 milhões de euros, localizada no Algarve, que o oligarca russo tentou vender duas semanas antes da guerra na Ucrânia.
De acordo com o jornal, o imóvel, na Quinta do Lago, está congelado desde 25 de março passado, a pedido do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O jornal explica que, antes, a 9 de fevereiro, um cidadão britânico tentou pedir um empréstimo para comprar o imóvel, numa operação que chamou a atenção da Caixa Geral de Depósitos, que posteriormente verificou que a empresa proprietária da moradia pertencia à rede comercial de Abramovich e alertou a Polícia Judiciária.
O oligarca foi sancionado pela União Europeia em meados de março, tendo-lhe sido aplicado o congelamento de bens e o impedimento no acesso a fundos de cidadãos e empresas da UE.
Os sancionados abrangidos pelas medidas restritivas europeias ficam também proibidos de viajar, entrar ou transitar pelos territórios da UE, o que não inclui porém Roman Abramovich, que tem passaporte português.
Roman Abramovich é cidadão português desde o ano passado, ao abrigo do processo de atribuição da nacionalidade portuguesa a descendentes de judeus sefarditas, estando essa concessão envolta em controvérsia e sob investigação por alegadas irregularidades com os certificados que provam a sua ascendência.
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