O ministro da Educação diz que há mais seis mil alunos que já têm professor devido à medida que permitiu que docentes que tinham recusado horários voltassem a concorrer.
Ouvido esta sexta-feira, no Parlamento, onde está a decorrer a apreciação, na especialidade, do Orçamento do Estado para 2022, João Costa sublinhou que o Governo quer rever as regras de recrutamento para acabar com a instabilidade da carreira dos professores.
O ministro disse que vai começar um “trabalho aprofundado sobre o modelo de recrutamento de professores”, e que em cima da mesa estará o debate sobre condições de recrutamento nomeadamente em escolas com contextos socioeconómicos mais complicados, conhecidas como escolas TEIP.
“Reconhecemos que há condições especiais, territórios especiais, as TEIP (Territórios Educativos de Intervenção Prioritária), em que há todo o interesse em que os perfis dos professores sejam adequados a estas realidades que são muito mais complexas e muito mais difíceis”.
Há sinais de retoma da procura de cursos para ser professor
O ministro da Educação anunciou que começam a surgir sinais de aumento da procura por cursos de formação inicial de professores, uma das causas da falta de docentes nas escolas.
“Já temos sinais de instituições de Ensino Superior de alguma retoma de procura de formação inicial de professores”, anunciou João Costa.
O ministro respondia à deputada comunista Paula Santos que considerou que a proposta de OE2022, neste momento em discussão, “não dá resposta aos problemas de alunos e professores”, sendo um dos maiores “a falta de professores, um problema para o qual o Governo acordou tarde”.
Paula Santos questionou a equipa ministerial sobre a razão pela qual “os jovens não olham para esta profissão” e sobre a falta de condições que levaram ao afastamento de milhares de docentes da profissão.
João Costa disse que “é preciso trabalhar em situações de médio e longo prazo, e continuar o caminho que foi iniciado”.
O ministro disse que, desde 2016, vincularam mais de 17 mil docentes. E se, “em 2018, quando as carreiras não tinham congelado, tínhamos 4% dos professores no topo da carreira, hoje temos 30% no 10.º escalão”, acrescentou.
A deputada comunista questionou João Costa sobre se o ministério irá ou não vincular todos os professores com três ou mais anos de serviço, recordando que no último concurso de vinculação concorreram mais de cinco mil professores para as 3.259 vagas abertas:
“Isso revela bem a precariedade”, criticou.
João Costa defendeu que “é preciso responsabilidade e razoabilidade orçamental neste trabalho, porque, se não, se calhar, daqui a 10 anos virá alguém que congela tudo outra vez e faz cair tudo outra vez”.