Apenas um em cada cinco locais de compra de comida na freguesia lisboeta da Ajuda vende frutas e verduras frescas e a localização destes espaços dificulta o acesso a uma alimentação saudável, segundo um projeto-piloto cujos resultados são hoje apresentados.
O Cities Changing Diabetes (CCD) de Lisboa, programa de prevenção da diabetes e obesidade na cidade, desenvolveu com as organizações Gehl e Locals Approach o estudo do ambiente urbano da freguesia da Ajuda, de forma a perceber quais os comportamentos alimentares dos residentes, as opções de comida e a qualidade dos espaços públicos nesta área da capital.
Este projeto-piloto, implementado no Bairro 2 de Maio, passou pela disponibilização de ferramentas de auxílio à comunidade local de forma a alertar para a importância da literacia alimentar e de um estilo de vida saudável.
"Somos um projeto pioneiro na conceção de um plano alimentar de base local, queremos contaminar o país com este vírus positivo", aponta Gonçalo Folgado, autor do projeto-piloto, em declarações à agência Lusa.
Através da análise, foi possível gerar um conjunto de recomendações e iniciativas que visam a criação de condições mais propícias a uma melhor saúde e maior bem-estar físico e social da população, sobretudo junto dos que têm menos oportunidades de fazer escolhas saudáveis, segundo a organização.
O estudo permitiu concluir que existe uma oferta reduzida de alimentos, em especial de verduras e frutas frescas, sendo que apenas um em cada cinco dos locais de compra vende este tipo de alimentos. A localização dos espaços agrava o problema, já que se encontram bastante afastados das habitações, sendo a encosta da Ajuda um dos maiores desafios de acessibilidade apontados no bairro, tendo em conta o peso das compras.
As condições microclimáticas adversas, uma disposição pouco cómoda e segura do espaço público - com 65% alocado aos carros e apenas 20% aos peões - e a reduzida visibilidade dada à oferta alimentar saudável nos espaços comerciais são outras