Luís Carlos, 47 anos, vítima de cancro do pulmão
Tenho cancro. E depois?
Rafael Reigota
Quando a médica lhe deu a notícia de que a sua situação era muito grave ele não se mostrou perturbado.
Olhou-a com calma e esboçou um leve sorriso, sem querer acreditar. Luís Carlos tinha 47 anos e planos para o futuro. A ideia da morte era-lhe demasiado longínqua.
Dois meses após o diagnóstico, morreu em consequência de cancro do pulmão, uma forma rara de cancro, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
Os cancros do pulmão, traqueia e brônquios representam 3,8% do total de mortes por todas as causas, em Portugal
Há já algum tempo que Luís Carlos vinha perdendo peso e se sentia mais cansado do que o habitual. Mas estas queixas não o levaram ao médico.
A sua longa permanência na Alemanha e na Noruega tinham-no influenciado no caminho da medicina natural e alternativa e confiava nos benefícios da alimentação racional para todos os males.
Mas naquela manhã rendeu-se ao susto do inchaço repentino do pescoço e decidiu procurar ajuda médica. A primeira observação do inchaço apontou para a hipótese de bócio. Em pouco tempo, os resultados de uma bateria de exames confirmaram o pior diagnóstico: um tumor maligno do pulmão não operável.
O primeiro cigarro aos 12 anos
Luís tinha pouco mais de 12 anos quando experimentara o primeiro cigarro.
Sabe-se que cerca de 90 por cento dos casos ocorrem em fumadores ou ex-fumadores.
Luís Carlos precisava de iniciar imediatamente a quimioterapia. Mas o inchaço do pescoço exigia também, quanto antes, o começo de radioterapia.
A seu pedido, foi informado, ao pormenor, de todo o processo da doença que o afetava. Mas mantinha uma serenidade e um sentido de humor surpreendentes. Não acreditava na possibilidade de morrer.
Escreveu aos amigos do hospital: “Meus caros, estou on line pela primeira vez em cerca de quinze dias (…) Ainda estou em Santa Maria, internado (…) As tabaqueiras acabaram por fazer os ‘estragos do costume’, pelo que iniciei um tratamento de radioterapia que será seguido de quimioterapia. De resto, está tudo bem, ainda que com esta batalha pela frente, que necessariamente terei de ganhar!”
Quanto mais precocemente se deixar de fumar, mais reduzida será a probabilidade de o cancro se revelar em tempo útil, durante a nossa vida.
Luís Carlos não chegou a iniciar a quimioterapia. O número insuficiente de plaquetas e a progressiva debilidade do seu estado físico não o permitiu.
Cerca de uma semana antes de morrer demonstrou, pela primeira vez, alguma raiva, quando pediu para lhe levarem, de vez, o maço de tabaco que guardava dentro da gaveta da sua mesa de cabeceira.
27 maio 2019
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