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Cancro colorretal. “A prevenção (rastreio) deve começar por volta dos 45 anos em indivíduos perfeitamente saudáveis”

Quem o diz é o gastroenterologista Leopoldo Matos, um dos convidados da rubrica “Vamos Falar?”, organizada pelo Tenho Cancro. E depois?, projeto editorial da Sic Notícias, que conta com o apoio da Novartis e da Médis

“O problema do cancro do intestino é demasiado grave para que se adie”, refere Vítor Neves, presidente da Europacolon Portugal. A verdade é que, no nosso país, o cancro colorretal é o segundo cancro com mais novos casos e mortes, depois do tumor do pulmão. Em Portugal já ultrapassámos os 10 mil casos por ano. Em termos de mortalidade, chegámos aos 4 mil casos anuais, sendo que 11 portugueses morrem, por dia, devido a esta doença. 660 pessoas morrem todos os dias na Europa e 2500 pessoas morrem, diariamente, em todo o mundo.

Se for detetada numa fase precoce, é uma doença tratável, daí a extrema importância dos rastreios, considerada – aos dias de hoje – a forma de prevenção mais eficaz. A partir dos 45 anos, toda a população portuguesa deve ser rastreada e privilegiar uma vigilância médica regular, porque detectar atempadamente esta neoplasia maligna pode, efetivamente, salvar muitas vidas. “O que nós queremos – com o rastreio – é encontrar pólipos benignos que possam com simplicidade ser removidos e prevenir diagnósticos de cancro”, esclarece Leopoldo Matos.

Vítor Neves, presidente da Europacolon Portugal e Leopoldo Matos, gastroenterologista do Hospital Lusíadas de Lisboa foram os especialistas presentes no mais recente “Vamos Falar?”, moderado pela jornalista Rita Neves

Vítor Neves, presidente da Europacolon Portugal e Leopoldo Matos, gastroenterologista do Hospital Lusíadas de Lisboa foram os especialistas presentes no mais recente “Vamos Falar?”, moderado pela jornalista Rita Neves

O cancro do cólon e reto, com um universo estimado de mais de 1,4 milhões de pessoas elegíveis para rastreio, teve uma taxa de cobertura de 15% em 2020, menos 11% face a 2019. Segundo a Liga Portuguesa Contra o Cancro, nos últimos dois anos de pandemia, 83.779 utentes não fizeram rastreios do cancro colorretal, prevendo-se que 2.155 doentes não tenham sido diagnosticados. No entanto, a nível europeu, a meta com que Portugal se comprometeu é alcançar, até 2025, uma taxa de convocatória para rastreio de 90% da população elegível.

Como implementar este rastreio em todo o território nacional? Além dos rastreios, que outro tipo de prevenção pode ser feita? Estas foram algumas das questões debatidas no “Vamos Falar?” de hoje.

PRINCIPAIS CONCLUSÕES

  • “A prevenção deve começar por volta dos 45 anos e em indivíduos perfeitamente saudáveis. Pessoas que tenham tido tumores na família, podem e devem fazer o rastreio ainda mais precocemente”, lembra Leopoldo Matos;
  • Há múltiplos estudos que sustentam a certeza de que a prevenção e remoção dos pólipos são a forma mais eficaz de melhorar o impacto desta neoplasia maligna;
  • Depois da pandemia, “nota-se que é ainda mais importante que haja uma reestruturação do programa de rastreios em Portugal para que, de uma vez por todas, o rastreio seja eficaz”, frisa Vítor Neves, presidente da Europacolon Portugal, lembrando que este rastreio tem um impacto forte na mortalidade, visto que “pode salvar muitas vidas” e diminuir muito os custos associados aos tratamentos da doença;
  • Especialistas relatam que lhes chegam casos de cancro em estadios mais avançados. “Nunca tivemos tantas pessoas a precisar de consultas de psicologia, nem tantas pessoas que nos chegam – pela primeira vez – já com tratamentos paliativos”, sublinha Vítor Neves;
  • Os tempos de espera para a colonoscopia, depois do teste positivo a sangue oculto nas fezes, estão, em algumas zonas do país, “entre os 8 e 9 meses”, conta Vítor Neves. Do ponto de vista do rigor, a colonoscopia “deve ser feita 3 a 4 semanas depois do teste positivo”, explica Leopoldo Matos, acrescentado que os tempos de espera elevados “desacreditam o SNS”;
  • Além do rastreio, ter uma alimentação saudável, praticar regularmente exercício físico e autovigiar o corpo podem ajudar na prevenção. Questões hereditárias, sedentarismo e obesidade são alguns dos fatores de risco;
  • Clique AQUI para ver a sessão na íntegra.

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