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"Recolhemos cerca de quatro toneladas de material, incluindo muitas rochas a envolver os ossos, mas também pegadas, um 'plateosaurus' com cerca de 90% do esqueleto ou, então, são dois indivíduos juntos. Temos também um fitossauro que eu descobri 30 a 40% do esqueleto, que faz lembrar um crocodilo, mas com dentes de dinossauro carnívoro e as narinas retraídas, faz lembrar uma baleia, um animal muito estranho que convivia com os dinossauros", disse à Lusa o paleontólogo no regresso da expedição.
Convidado por um museu dinamarquês a integrar a equipa de nove dinamarqueses e dois alemães, o único português a participar na expedição de três semanas assina ainda outra das principais descobertas efetuadas na Gronelândia.
"Descobri também uma tartaruga, não está muito completa mas ainda assim é uma das mais antigas tartarugas alguma vez descoberta", explicou o paleontólogo, sublinhando tratarem-se de "forças do triásico superior, entre 205 e 211 milhões de anos, aproximadamente", descobertas numa zona "relativamente inexplorada" onde "qualquer descoberta é sempre importante, porque nos vai dar uma perspetiva tanto geográfica como temporal diferente da de qualquer outro sítio".
Fósseis de salamandras gigantes, estromatólitos e peixes, a par de um esqueleto de um 'plateosaurus' (um dinossauro herbívoro muito comum no Triásico), e centenas de pegadas de dinossauros carnívoros foram outros dos vestígios recolhidos pela equipa no local onde há dezassete anos não era feita uma expedição.
Entre 10 de julho e 03 de agosto a equipa escavou na neve, na zona de Jameson Land, um local inóspito no leste da Gronelândia, onde o grupo foi deixado de helicóptero, após uma viagem desde a Islândia.
Os elementos do grupo foram preparados para enfrentar adversidades, como possíveis ataques de ursos polares ou bois-almiscarados, aprendendo a manusear armas de fogo para os afugentar, em caso de ataque, e a efetuar rondas de vigilância para garantir a segurança.
As quatro toneladas de material recolhido rumaram agora à Dinamarca para serem estudados em laboratório, mas o Museu da Lourinhã, onde Octávio Mateus é investigador, poderá ser um dos pontos de passagem dos achados.
"Todos esses ossos estão envolvidos em rocha que vai ser retirada em laboratório, isso vai ser feito em laboratórios da Dinamarca e da Alemanha e, espero eu, também aqui em Portugal. Espero que tanto a tartaruga como o fitossauro sejam estudados por mim aqui em Portugal", afirmou.
Depois de estudados os achados vão ser expostos na Dinamarca e regressarão posteriormente a um museu na Gronelândia.
Já Octávio Mateus prepara-se para continuar as escavações de dinossauros em Angola e para lecionar na Universidade Nova de Lisboa o primeiro mestrado português em paleontologia.
Lusa