As características do material "super durável" das construções romanas

Uma equipa de investigadores resolveu

o mistério da durabilidade do cimento utilizado pelos romanos, da qual o Panteão de Roma é prova, e a descoberta pode contribuir para a redução do impacto ambiental da produção de betão.

A "natureza super durável" do cimento utilizado pelos romanos deve-se à utilização no seu fabrico de cal viva - que ferve a muito alta temperatura quando entra em contacto com água - que produz uma capacidade de autorreparação do material, concluiu a equipa.

A descoberta dos antigos processos de fabrico de cimento utilizados pelos romanos que lhe dão uma significativa "capacidade de autorreparação" foi divulgada na revista Science Advances, num artigo do professor de Engenharia Civil e Ambiental do MIT, Admir Masic, da ex-aluna de doutoramento Linda Seymour e de outros quatro investigadores.

Mas um exame mais detalhado das amostras antigas do material revela também elementos minerais de um branco brilhante, há muito conhecidos como uma componente sempre presente no cimento dos romanos e que têm como origem a cal.

A caracterização daqueles fragmentos através de imagens de alta resolução e da utilização de técnicas de mapeamento químico pioneiras permitiram aos investigadores saber mais sobre a sua potencial função.

Os fragmentos brancos eram "feitos de várias formas de carbonato de cálcio (material em que a cal se transforma quando misturada com água)", tendo o exame espetroscópico fornecido "pistas de que foram formados em temperaturas extremas, como seria de esperar da reação exotérmica (com libertação de calor) produzida pelo uso de cal viva".

Para provar a sua hipótese, a equipa produziu amostras de cimento com uma composição antiga e com uma moderna, rachou-as e fez correr água pelas brechas. Duas semanas mais tarde, as fissuras na amostra de cimento romano "estavam completamente reparadas, impedindo a água de fluir" e as da amostra feita sem cal viva nunca fecharam, continuando a água a correr.

Face aos bons resultados dos testes, a equipa "está a trabalhar para comercializar esse material de cimento modificado".

O investigador do MIT espera que o alargamento da vida útil e o desenvolvimento de tipos de cimento mais leves possam "ajudar a reduzir o impacto ambiental da produção" deste material, responsável atualmente "por cerca de 8% das emissões globais de gases com efeito de estufa", segundo o comunicado.

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