Violência contra idosos: agressores são, na maioria, familiares
PAÍS
Um estudo académico sobre violência contra idosos, feito no período pré-pandemia de Covid-19, com residentes domiciliares no município de Coimbra, demonstra que esta população é, sobretudo, vítima de violência psicológica e financeira, sendo os agressores maioritariamente familiares.
O estudo da docente especialista em saúde pública, Cristina Veríssimo, foi aplicado a uma amostra de 427 pessoas idosas (entre os 60 e os 95 anos), e os resultados mostram que no "último ano" (ano em que responderam ao questionário), 39,4% dos inquiridos foram vítimas de algum tipo de violência.
Nesse período, verificou-se que esta população foi, sobretudo, vítima de violência psicológica (28,3%) e financeira (12,9%), seguindo-se a negligência (3,3%), a violência física (2,8%),
as lesões físicas (1,6%) e a violência sexual (0,2%), adianta a ESEnfC.
Segundo a investigadora Cristina Veríssimo, citada na nota, o estudo também mostra que indivíduos "com rendimentos mais baixos estavam mais propensos aos diferentes tipos de violência analisados", sendo que "a prevalência da violência psicológica, violência física e lesões físicas foi significativamente superior" nos idosos "com rendimentos mensais iguais ou inferiores a 500 euros".

Além disso, "a diferença na ocorrência de violência psicológica, física e lesões físicas entre sexos foi estatisticamente significativa, sendo mais frequente entre as mulheres". Relativamente a idade, reportaram violência psicológica sobretudo os inquiridos mais novos, enquanto os que relataram negligência tinham idades significativamente superiores.
Os tipos de violência e os
casos mais frequentes
Segundo as habilitações literárias, a prevalência
da violência física e lesões físicas foi consideravelmente mais elevada nos indivíduos com habilitações inferiores ao 1.º ciclo do que
nos que tinham o 1.º ciclo ou mais, e, em relação
a violência financeira, aqueles com profissões mais qualificadas foram mais vitimizados. Os elementos da família surgem como os agressores predominantes, nomeadamente os da família nuclear.

Na violência financeira, os agressores foram sobretudo os filhos (homens), enquanto na violência sexual ao longo da vida (com as mulheres a serem as principais vítimas), os agressores foram sobretudo o cônjuge/companheiro(a) e ex-marido.
Os tipos de violência e os
casos mais frequentes