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Setúbal, 06 jan (Lusa) -- A presidente da Câmara de Setúbal, Maria das Dores Meira (CDU), anunciou hoje que vai pedir uma reunião à Secretaria de Estado dos Transportes para contestar o aumento de preços dos transportes fluviais entre Setúbal e Tróia.
Em causa está o novo tarifário anunciado pela empresa, em que os bilhetes aumentam de dois para 2,5 euros (passageiros), de 9,60 para 11 euros (viaturas, incluindo o condutor), e, nos passes mensais, de 40 para 60 euros.
Maria das Dores Meira considera que os preços atuais já são elevados e afirma que, se for necessário, vai esperar por uma reunião à porta da Secretaria de Estado dos Transportes.
"Já nos tínhamos manifestado contra os preços altíssimos que a Atlantic Ferries praticava nas ligações entre as duas margens do Sado, mas a Secretaria de Estado nem sequer nos respondeu", disse, acrescentando que o aumento anunciado é "injustificado".
As críticas da presidente da Câmara de Setúbal são partilhadas por muitos utilizadores dos barcos -- ferries e catamarans -- que asseguram as ligações fluviais entre as duas margens do rio Sado.
"Para as pessoas que vivem em Tróia, em Soltróia e na Comporta, e que utilizam os transportes fluviais para ir a Setúbal, é um acréscimo substancial, porque são aumentos exorbitantes", disse à Lusa Ricardo Martinez, da Associação de Moradores Viver Tróia.
Para a jovem Patrícia Costa, que vive em Setúbal mas trabalha em Tróia, os novos preços dos bilhetes representam "muito dinheiro, para uma viagem de 10 minutos".
"A partir de agora, com cada viagem a 2,5 euros, nem sei se a minha patroa, que me paga o bilhete, pretende continuar comigo", acrescentou.
Pedro Carrilho, que também utiliza diariamente os catamarans, lamenta o agravamento de preços dos passes sociais, que considera "exorbitante".
"Acho que não se justifica o aumento de que temos ouvido falar, de 50 por cento -- os passes aumentam de 40 para 60 euros. Vai ser mais um encargo mensal que as pessoas vão ter de suportar, para além de já termos de suportar tanta coisa este ano", disse.
A Atlantic Ferries, concessionária dos transportes fluviais entre Setúbal e Tróia, justifica o aumento de preços com a necessidade de proceder ao reequilíbrio financeiro da empresa.
Em comunicado, a empresa salienta que opera sem ajudas do Estado e que todos os anos entrega uma verba aproximada de 230 mil euros, relativos à concessão, tendo acumulado prejuízos da ordem dos "5,7 milhões de euros".
A Atlantic Ferries acrescenta que a situação da empresa se tem vindo a agravar devido ao peso dos custos com combustíveis, que já representam "21 por cento dos custos totais", e ao atraso no arranque de diversos projetos turísticos previstos para o Alentejo Litoral, a sul da Península de Tróia.
A presidente da Câmara de Setúbal diz respeitar os argumentos da empresa, mas lembra que a autarquia não foi ouvida aquando da assinatura do contrato de concessão e que desconhece a base em que o referido contrato foi celebrado.
Por outro lado, Maria das Dores Meira lamenta que a autarquia sadina não seja beneficiária das receitas do Casino de Tróia, a exemplo do que acontece com o Casino Estoril, em que as receitas do jogo revertem a favor de vários municípios.
"O Casino de Tróia está no concelho de Grândola, mas do ponto de vista da afetividade e da proximidade está muito mais próximo da população de Setúbal -- são dez minutos de catamarans", argumentou.
Maria das Dores Meira defende, por isso, que o contrato de concessão do Casino de Tróia, deve ser revisto para que uma parte das receitas reverta a favor do município de Setúbal e para uma redução efetiva do preço dos transportes fluviais entre as duas margens do Sado.
GR.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/fim